Ingresso com QR Code, motocicleta elétrica para rondas, projetor digital e som por rádio FM estão presentes no Cine Drive-in de Brasília. Local conta com 400 vagas para carros e tem três sessões diárias.
Filmes exibidos no Cine Drive-In eram anunciados em letras garrafais em um letreiro na entrada. — Foto: Divulgação/Cine Drive-In
- Ao estacionar, é preciso desligar o carro e o mais importante: os faróis. 🚘
- Depois, uma mensagem aparece na tela inclinada de 312 m² explicando que é preciso sintonizar na rádio 88.7 FM. 📽️📻
- Silêncio, o filme vai começar no Cine Drive-In. 📽️
Criado em 1973, o último cinema a céu aberto da América do Sul conta histórias com uma boa dose de nostalgia e não deixa de lado a modernidade. Os ingressos têm QR code, há uma motocicleta elétrica para funcionários realizarem rondas no local, o projetor é digital e o som dos filmes é ouvido no rádio dos carros.
Mas nem sempre foi assim no Cine Drive-in de Brasília, que completa 51 anos em agosto. Criado por um grupo de amigos engenheiros, eles anunciavam os filmes exibidos em letras garrafais em um letreiro na entrada (veja imagem abaixo), e os ingressos eram emitidos por uma máquina registradora.
“É um estilo de cinema diferente, que nasceu nos anos 70. Ele permaneceu aqui em Brasília como o único cinema nesse estilo no Brasil, na América do Sul. É um estilo de cinema antigo, porque não existe mais. A tela, o local, o estilo de assistir o filme no rádio, conectar na rádio FM, tudo isso remete a uma nostalgia”, diz Marta Fagundes.
Filmes exibidos no Cine Drive-In eram anunciados em letras garrafais em um letreiro na entrada. — Foto: Divulgação/Cine Drive-In
A maioria dos carros não tinha rádio, então, o som dos filmes era transmitido em postes, com sistema de alto-falante. Eles ficavam espalhados em toda a extensão do cinema entre as vagas para os veículos (veja imagem abaixo).
Postes com alto-falantes ficavam em toda a extensão do cinema para as pessoas ouvirem. — Foto: Divulgação/Cine Drive-In
Até 2015, o Cine Drive-In não exibia lançamentos. As distribuidoras enviavam os filmes primeiro para as salas dos shoppings. Apenas depois de três semanas o cinema a céu aberto era contemplado – a exceção eram filmes ambientados em Brasília, como “Faroeste Caboclo” e “Somos tão jovens“.
Em 2022 “Eduardo e Mônica” foi lançado no local e, na última quinta-feira (11), o g1 conferiu o lançamento do filme “Twisters” no Cine Drive-in.
Luz, câmera, ação
Entrada do Cine Drive-In em Brasília, no DF. — Foto: Divulgação/Arthur Fernandes e Paulo Flecha
Com 400 vagas para carros, o Cine Drive-In, patrimônio cultural do DF desde 2017, exibe hoje três sessões todas as noites:
- 18h10, com filmes infantis
- 20h
- 22h
Com ingressos que custam R$ 20 a meia e R$ 40 a inteira, é possível assistir as três sessões. Segundo Marta Fagundes, administradora do Cine Drive-in, são entre 4 e 6 mil espectadores por mês.
Qual é o diferencial do Cine Drive-In?
Casal assiste filme no Cine Drive-In em Brasília. — Foto: Divulgação/Arthur Fernandes
Para explicar o amor dos moradores do DF pelo cinema que tem como teto o céu de Brasília, o g1 entrevistou alguns telespectadores durante a sessão de quinta-feira. 🍿
O conforto é o principal diferencial para o casal Luisa Costa, de 26 anos, e Guilherme Campos, de 35 anos. A assessora de comunicação e o empresário estavam no Cine Drive-In pela segunda vez e contaram que assistir ao filme de dentro do carro foi o que os motivou a voltar.
“É muito bom. A gente fica na comodidade do carro, a gente não precisa sair, a gente consegue conversar se a gente quiser e é até bem mais confortável que o cinema mesmo”, diz Luisa.
Para o funcionário público Demetrius Soares, de 45 anos, ir ao Cine Drive-In significa mostrar ao filhos uma diversão da sua época de infância: para a família já é tradição. 👨👩👧👦
“Eu costumo vir desde que os meninos eram bem pequenininhos. Então, eu sempre trago todo mundo que é muito bacana, que aqui você pode ficar um pouco mais livre, faz bagunça, deita no carro, é bem bacana trazer a criançada” diz Demetrius.
Demetrius Soares e família curtem filme durante sessão no Cine Drive-In de Brasília. — Foto: Fernanda Bastos/g1 DF
Ele, a esposa Paloma, os filhos Ian e Alice organizam no porta-malas do carro um espaço com edredons. Do lado de fora, duas cadeiras de praia (veja foto acima).
“É muito bacana, muito diferente mesmo do que você ir em uma sala de cinema normal, uma sala de cinema fechada. Aqui você tem um ambiente muito bacana pras crianças. É uma coisa bem nostálgica, bem diferente, sentimento de que está saindo da rotina”, diz Demetrius.
Para a repórter que vos escreve, o sentimento é também de nostalgia, mas com um roteiro de filme de romance. 💘 O primeiro encontro que tive com o meu amor, Heitor, foi no Cine Drive-In e já se vão três anos de namoro. Deu pra ver que o cinema a céu aberto faz parte de muitas histórias.
Por Fernanda Bastos, g1 DF