A maioria dos médicos brasileiros que tomou conhecimento da invasão, na direção de um retroescavadeira, de um quartel da polícia do Ceará por parte do senador Cid Gomes, está perplexa com um dos aspectos do ataque, ocorrido dias atrás. Onde foram parar as balas, disparadas pelos grevistas, que o homem diz que o atingiram?
Cid, segundo contou à imprensa, recebeu “dois tiros no peito”. Nas fotos que foram publicadas no dia do incidente, sua camisa aparece manchada de vermelho. Mas onde foram parar o raio das balas? Balas não somem depois de disparadas, nunca – ou estão em algum lugar ou não existem.
O senador licenciado diz que as duas balas não apareceram porque ficaram dentro do seu corpo. Os médicos que o trataram depois do seu avanço com o trator, no hospital da cidade de Sobral, dizem que os projéteis não atravessaram o corpo de Cid e, por isso, não saíram do outro lado, nem poderiam ser achados.
Segundo os profissionais, não há necessidade clínica de extrair os projéteis. Eles estão muito bem onde ficaram, diz a equipe médica, e assim é melhor não mexer em nada. O episódio, assim, ficou pela metade. A retroescavadeira existe, e continuará existindo até virar ferro-velho. Já as balas, até agora, são uma teoria.
Médicos que leram sobre a história tem uma sugestão extremamente simples para esclarecer o caso por meio do uso da ciência: basta fazer uma radiografia do peito do senador. Se estão mesmo dentro do seu corpo, as chapas vão mostrar, além de qualquer dúvida, a sua presença. É a prova mais fácil do mundo.
J.R GUZZO/Metrópoles