Os antigos egípcios mumificavam e enterravam carnes prontas para o “consumo” usando bálsamos orgânicos, revela um novo estudo feito pela Universidade de Bristol, no Reino Unido, e pela Universidade Americana do Cairo. Além de refeições, esse povo enterrava suas riquezas e mumificava figuras importantes como faraós (além de seus criados, escribas e sacerdotes, em câmaras menores) porque acreditava na vida após a morte e no retorno do espírito ao antigo corpo – razão pela qual ele precisava ser preservado.
Esses alimentos (partes de animais) eram envoltos em ataduras e acomodados em caixões. Eles foram encontrados em muitas tumbas antigas, mas a natureza dos bálsamos aplicados sobre a comida continuava desconhecida. Os atuais resultados foram publicados na edição desta segunda-feira (18) da revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).
O modo como a mumificação de carnes era feita se assemelhava ao embalsamamento de humanos e animais, destacam os autores, liderados por Richard Evershed, da Faculdade de Química da Universidade de Bristol.
Os cientistas analisaram a composição química das amostras de tecidos e ataduras de quatro carnes mumificadas. Segundo a equipe, esse material foi exposto a uma grande variedade de tratamentos. As gazes que envolviam um bezerro, por exemplo, continham uma mistura de compostos derivados de gordura animal – sem evidências da presença de ceras ou resinas.
Como as ataduras não estavam em contato direto com a carne, os pesquisadores acreditam que as substâncias usadas derivavam da aplicação de um bálsamo, em vez de serem provenientes da própria carne.
Compostos semelhantes de gordura animal foram detectados no tecido usado para mumificar a pata de uma cabra, o que não ocorreu em uma amostra de pato. Já as ataduras que cobriam costelas bovinas apresentavam uma mistura de gordura ou óleo, cera de abelha e uma resina chamada Pistacia – considerada um item de luxo no Antigo Egito.