terça-feira, 21/01/25
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Centrão mira Saúde, mas Lula mantém Nísia e exige entregas estratégicas

Pressão do Centrão e cobrança por resultados faz Lula reforçar apoio a Nísia Trindade e aposta em comunicação para salvar Ministério da Saúde

Reprodução

BRASÍLIA – Às vésperas de uma aguardada reforma ministerial, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, vive dias de intensa pressão política e cobrança por resultados. Nas reuniões nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou sua confiança no titular da pasta, mas cobrou mais eficiência e visibilidade para as ações do ministério, especialmente na área de especialidades médicas.

Com o terceiro maior orçamento da Esplanada dos Ministérios, a Saúde (R$ 239,7 bilhões) é vista como estratégica para o governo. Contudo, a avaliação no Palácio do Planalto é que o ministério ainda não conseguiu imprimir uma “marca” que representa a gestão Lula 3, como ocorreu nos mandatos anteriores com programas como a Farmácia Popular.

Lula exige resultados palpáveis ​​e já colocou o programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE)no centro das prioridades. A iniciativa, lançada em 2023, tem como objetivo reduzir o tempo de espera por cirurgias, exames e tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), mas enfrenta dificuldades para ganhar força nacional. “Nísia, eu não me posso pedir isso para você”, teria dito o presidente durante uma reunião em dezembro, segundo fontes do Planalto.

Aposta na comunicação

Ciente dos críticos de aliados e da oposição, Lula escalou o publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha presidencial de 2022, para orientar a ministra na comunicação das ações da pasta. A percepção é que, apesar das dificuldades herdadas da gestão anterior, Nísia tem entregado mais do que o autorizado. A missão de Sidônio será reposicionar a imagem do ministério e destacar avanços, como o aumento da cobertura vacinal, que cresceu em média 17% pontos percentuais desde o início do governo.

Entre os desafios de comunicação são temas sensíveis, como a incineração de medicamentos vencidos, o aumento dos casos de dengue – que atingirão 6,6 milhões em 2024 – e as dificuldades no atendimento no Território Yanomami.

Cobiça do Centrão

A pressão sobre Nísia também vem do Centrão, que tenta ocupar o comando do Ministério da Saúde. O grupo liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), considera uma pasta estratégica pela quantidade de recursos e cargas disponíveis. Apesar disso, Lula tem conversado com pessoas próximas e teria dito que manterá o ministério sob a identidade do PT, valorizando o histórico do partido com as áreas de saúde e educação.

Embora não seja filiada ao PT, Nísia conta com o apoio de Lula e da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Além disso, a ministra não pretende disputar cargos eletivos em 2026, o que agrada ao Planalto para evitar possíveis desfalques no governo antes do prazo de desincompatibilização eleitoral.

Viagens e anúncios

Para fortalecer sua gestão, a equipe do ministério tem agendas intensificadas pelo país. Nísia já esteve em Minas Gerais para ações de combate à dengue, em Roraima para tratar da crise Yanomami, e no Rio de Janeiro, onde anunciou a abertura de leitos no Hospital Federal de Bonsucesso.

Nas próximas semanas, estão previstas visitas ao Rio Grande do Sul e à Bahia, com inauguração de um hospital e entrega de novas unidades do SAMU. O foco dessas viagens será dar mais visibilidade ao programa Mais Acesso a Especialistas e fortalecer as campanhas de combate à dengue.

A busca por uma marca

Lula deixou claro que espera que a Saúde se destaque com iniciativas que deixem um legado para o país. Apesar das críticas, Nísia tem como trunfo sua gestão à frente da Fiocruz durante a pandemia de covid-19, que lhe garantiu alterações técnicas e políticas. Agora, resta à ministra equilibrar as cobranças do Planalto e as demandas do Congresso, enquanto tenta transformar o Ministério da Saúde em um símbolo de eficiência e compromisso social na gestão Lula 3.

*Com Agenda Capital

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