Região administrativa é uma das que mais teve mortes registradas em todo o país
Ceilândia se tornou, nesta semana, a 41ª cidade do Brasil a chegar ao número de mil mortes causadas pela Covid-19. Região com número de habitantes estimado em pouco menos de 500 mil, ela é uma das cidades menos populosas a entrar no ranking, o que representa uma alta taxa de letalidade.
Nas primeiras posições estão as grandes capitais com milhões de habitantes, como São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), com mais de 20 mil óbitos cada uma; além de Manaus (AM), Fortaleza (CE) e Salvador (BA), que já ultrapassaram as 5 mil vítimas. A primeira cidade de região metropolitana a aparecer é Guarulhos (SP), com 2.720 pessoas que não resistiram à doença entre população de 1,4 milhão.
Confira os dados:
Mesmo cidades recém-ingressadas na marca das mil mortes, como Joinville (SC) e São José dos Campos (SP), possuem mais de 600 mil moradores, o que mostra uma letalidade acima da média na região administrativa mais populosa do Distrito Federal. Só Canoas (RS) tem menor população na lista.
Para o epidemiologista e coordenador da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB), Jonas Brandt, as características de Ceilândia contribuem com uma maior taxa de mortes. “São casas pequenas, com poucos cômodos. O vírus entra num local desse e é muito difícil controlar”, explica.
Soma-se a isso uma população mais vulnerável, que não tem a opção de ficar em casa, e os casos pioram. “A gente já apontava isso lá atrás. São pessoas que, diferentemente de outros locais, que podem ter home office, estão na rua e na linha de frente”, comenta o especialista.
A médica intensivista do Hospital Santa Marta, Adele Vasconcelos, destaca ainda que seguir todas as recomendações para impedir a proliferação da Covid-19 custa caro. Uma pessoa que está desempregada por conta da pandemia, por exemplo, não tem condições de comprar máscaras e álcool em gel na quantidade necessária.
“Uma máscara cirúrgica precisa ser trocada de três a quatro vezes por dia. Elas custam mais de R$ 1 a unidade. Como alguém sem trabalho vai conseguir usar o equipamento da maneira correta?”, questiona.
Para Jonas Brandt, há uma forma de se tentar controlar a situação. “Um lockdown extremamente rígido, de 10 a 15 dias, tem a capacidade de reduzir os casos e liberar os leitos. Não é o que a gente vê no DF. É algo que fica num meio termo e não diminui os casos e piora a economia”, diz, referindo-se às medidas restritivas em vigor.
O GDF, por sua vez, vem alegando que “os atos e decretos editados pelo chefe do Poder Executivo estão devidamente fundamentados em evidências técnico-científicas fornecidas pelos órgãos técnicos e, portanto, com o máximo de critério, e sempre observando a necessária cautela e margem de segurança”. Além disso, “a média móvel de casos confirmados apresenta contínuo e acentuado decréscimo, ao passo que a taxa de transmissão R(t) igualmente permanece em queda – ontem se encontrava em 0,92 e, no resumo executivo de 08/04/2021, acessível no link http://info.saude.df.gov.br/covid-resumo-executivo/, apresentou ainda maior redução, encontrando-se em 0,86.”