Foi só na Idade Moderna que os cavalos usados em batalhas se aproximaram do tamanho que se observa hoje
Quando se pensa em cavalos na era medieval, a ideia que vem à cabeça – estimulada pelo que se tem visto no cinema e na TV – é de animais com o mesmo porte dos seus contemporâneos. Mas estudos arqueológicos indicam que, na realidade, eles eram bem menores.
“Nem o tamanho, nem a robustez dos ossos dos membros por si só, são suficientes para identificar com confiança cavalos de guerra no registro arqueológico”, disse a drª Helene Benkert, pesquisadora do Departamento de Arqueologia da Universidade de Exeter (Reino Unido). Benkert é coautora de um estudo de pesquisadores britânicos liderado pela Universidade de Exeter e publicado na revista International Journal of Osteoarchaeology.
“Os registros históricos não fornecem os critérios específicos que definiram um cavalo de guerra”, prosseguiu ela. “É muito mais provável que ao longo do período medieval, em diferentes épocas, diferentes conformações de cavalos fossem desejáveis em resposta às mudanças nas táticas de batalha e preferências culturais.”
Progresso lento
O tamanho dos cavalos era medido em “palmos”, uma unidade antiga equivalente a 10,16 centímetros. O cavalo normando mais alto registrado foi encontrado no Castelo de Trowbridge, em Wiltshire (sudoeste da Inglaterra). Sua altura era estimada em cerca de 15 palmos – pouco mais de 1,52 metro. Isso o colocaria praticamente entre os pôneis modernos, cuja podem variar de cerca de 14 palmos a quase 14,3 palmos de altura.
Só na Alta Idade Média, entre 1200 e 1350 d.C., apareceram de cavalos de cerca de 16 palmos (pouco mais de 1,6 metro) de altura. E foi apenas no período pós-medieval (1500-1650) que a altura média dos cavalos se tornou consideravelmente maior, aproximando-se da observada nos cavalos de trabalho atuais.
“Os destriers (cavalos de guerra mais conhecidos da Idade Média) podem ter sido relativamente grandes para o período de tempo, mas claramente ainda eram muito menores do que poderíamos esperar para funções equivalentes hoje”, disse o coautor Alan Outram, professor do Departamento de Arqueologia da Universidade de Exeter. “As práticas de seleção e reprodução nos garanhões reais podem ter se concentrado tanto no temperamento e nas características físicas corretas para a guerra quanto no tamanho bruto.”
“O cavalo de guerra é central para nossa compreensão da sociedade e da cultura medieval inglesa como um símbolo de status intimamente associado ao desenvolvimento da identidade aristocrática e como uma arma de guerra famosa por sua mobilidade e valor de choque, mudando a face da batalha”, disse o coautor Oliver Creighton, também professor do Departamento de Arqueologia da Universidade de Exeter.