Influenza A é o tipo mais agressivo e atinge principalmente as crianças de até 5 anos

Os meses mais frios do ano chegaram e com eles, ocorre o aumento significativo do número de casos de gripe, principalmente entre as crianças, as mais atingidas.Foi o que aconteceu com Henry Miguel Rodrigues, de 3 anos, internado no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) desde domingo (29). A mãe, Brenda Rodrigues, buscou atendimento em uma unidade básica de saúde, onde o menino foi avaliado após uma semana de sintomas gripais. Na ocasião, recebeu orientações para o tratamento domiciliar, conforme o quadro clínico apresentado.
“A febre seguia muito persistente, mesmo com medicamento não baixava. Resolvi trazê-lo ao hospital. O médico solicitou uma radiografia e exame de sangue e constatou que ele estava com pneumonia. Desde então está internado e recebendo as medicações na veia, o que vai levar alguns dias”, relata Brenda.
O pediatra Tiago Moisés dos Santos, do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) explica que a recuperação leva de sete a dez dias. Já a tosse e o cansaço, podem durar duas semanas ou mais, a depender da intensidade da doença, da lesão e do tamanho do machucado que o vírus deixou no pulmão da criança.
Casos de influenza A triplicaram de 2024 para 2025
No HRSM, unidade administrada pelo IgesDF e referência em pediatria, foram notificados 1.102 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) desde janeiro até o dia 28 de junho. Destes, 60% foram em crianças dentro da faixa etária de 1 a 5 anos.
Dos casos confirmados, 74,4% foram positivos para influenza com internação em 27,3% deles. Segundo o Núcleo de Vigilância Epidemiológica do HRSM, no mesmo período do ano passado foram registrados 446 casos de influenza, um aumento de mais de 147%.
Segundo o pediatra, o que chama a atenção é que a maioria dos resultados dos exames realizados têm detectado o tipo A da influenza, que é o mais agressivo entre os três tipos existentes, A, B e C.“O tipo A é o mais grave e pode evoluir para um desfecho não favorável, colocando a vida dos pacientes em risco. Dos três sorotipos, a influenza A é a que mais compromete o sistema respiratório”, explica.
Ainda de acordo com o médico, a faixa etária mais vulnerável é a de 0 a 5 anos. No entanto, as crianças que evoluem com maior gravidade são menores de 2 anos, especialmente as que possuem alguma comorbidade, como cardiopatias, problemas neurológicos, crianças imunossuprimidas e diabéticas.
Sintomas, agravamento e tratamento
Os principais sintomas da influenza A são: febre acima de 38 graus, tosse seca que pode evoluir para tosse com secreção, dor de garganta ou sensação de queimação, nariz entupido, diminuição do paladar e muita coriza e secreção.
Além desses sintomas, a doença pode evoluir para dor no corpo e nas articulações, fadiga intensa, dor de cabeça, calafrios e inflamação dos músculos, podendo desenvolver dificuldade para andar.
“O vírus também pode infectar outros órgãos e sistemas, como o digestivo, o que traz episódios de diarreia e vômitos, sendo necessária intervenção médica para reidratação”, adverte.
O tratamento principal é feito com o uso de analgésicos e antitérmicos, muita hidratação e, em alguns casos, antivirais. O repouso é recomendado e, se houver complicações pulmonares, neurológicas e musculares, pode haver sequelas, principalmente se o tratamento não for iniciado precocemente.
O pediatra alerta que a gripe pode evoluir para uma pneumonia. Inicialmente viral, a infecção pode abrir caminho para a bacteriana, mais agressiva. Nos casos mais graves e sem tratamento adequado, a doença pode levar ao acúmulo de líquido ao redor dos pulmões, conhecido como derrame pleural, que, muitas vezes, exige cirurgia para drenagem.Depois do tratamento, o paciente pode precisar de fisioterapia respiratória, sempre com acompanhamento médico especializado, até que o pulmão volte a funcionar normalmente.
A doença pode evoluir rapidamente, por isso quanto mais cedo a criança recebe o diagnóstico e inicia o tratamento correto, menores são os riscos de complicações e sequelas”, reforça.
Prevenção
Medidas simples em casa, como lavar bem as mãos, usar álcool em gel e evitar o contato direto com pessoas doentes, tanto no ambiente doméstico quanto em locais públicos, podem ajudar a prevenir a contaminação. No entanto, a forma mais eficaz de proteção continua sendo a vacinação.
Procure uma Unidade Básica de Saúde e vacine toda a família.
*Com IgesDF