Maria José Rocha Lima
No dia 19 de setembro, casaram-se Amanda Vital e Petherson Johannsen. Amanda é filha do casal de amigos Agnaldo Barbosa e Renir Vital. Tudo foi primorosamente cuidado, não apenas no dia, mas nos anos que antecederam o matrimônio.
Renir, ao contar um pouco da história dos noivos, lembrou como eles ouviram os seus pais. Ela chega a dizer que o Petherson foi resiliente, respeitoso nas regras da família de Amanda, quanto aos horários de voltar para casa; programas que não prejudicassem os estudos etc. Portanto, como recomenda a tradição, houve namoro prolongado e matrimônio.
Lembrei-me de uma leitura que fiz, na qual a autora destacava que Antoine S. Exupery definiu o amor com o pensamento: “Amar não é olhar um para o outro, mas olhar juntos na mesma direção”. Assim, o namoro é uma espécie de treino de um moço e de uma moça para saírem de si mesmos e olharem juntos na mesma direção.
Não basta o amor nascido de um entusiasmo ou de uma flechada do cupido. O amor exige um “ambiente nutritivo, humano e entusiasmante para crescer e chegar à maturidade”.
Casamento é uma palavra que tem origem no Latim casamentum, que significa “terreno com uma habitação instalada”, por isso a expressão: “Quem casa quer casa”. O casamento é um compromisso, entre adultos, que exige fidelidade e responsabilidade, condições indispensáveis para a felicidade dos cônjuges.
Isto tudo, sem dúvida, exige tempo para conhecer o outro e conhecer-se; para valorizar o outro; para superar as diferenças e deficiências próprias e se harmonizarem no projeto de vida.
Na antropologia, o casamento apresenta algumas características universais: como ser reconhecido pelo grupo social a que pertence os indivíduos; perpetuação da espécie; cuidados com a prole; segurança sexual; fortalecimento de vínculos psicológicos, afetivos, financeiros e culturais, e se constitui como célula mater da sociedade à qual pertence os indivíduos.
Observa o psicólogo gaúcho Cláudio Drews: “Críticas a isso são encontradas em escritos tão antigos quanto A República de Platão, onde um modelo de matrimônio grupal é proposto, com o objetivo de romper com os valores e conceitos, para a formação da cidade ideal onde ‘estas mulheres todas serão comuns a todos esses homens, e nenhuma coabitará em particular com nenhum deles; e, por sua vez, os filhos serão comuns e nem os pais saberão quem são os seus próprios filhos, nem os filhos, os pais.’ (2002. p. 152).
Os jovens brasileiros das chamadas gerações de yuppies, geração Y e Z, parecem não dar ouvidos aos que entoam hinos, em coro, gritando que o casamento é uma instituição falida. Ao contrário do que aconteceu com muitos dos seus pais, que foram das gerações de 60, 70 e 80, que influenciados pela cultura Hippie, pela contracultura, simplificavam a solenidade, eles casam e em grande estilo.
Eu venho acompanhando esse movimento juvenil que evidencia uma construção de solenidade muito valorizada e criativa nos seus casamentos. Vejo a partir de casa com o nosso filho Lucas; tive notícias do filho da amiga Marisa Valença; na família Vital, nos quais houve até trocas de sobrenomes entre os nubentes. Algo que parece sinalizar para um maior prestígio da mulher.
Para os jovens brasileiros, não vingou a pretensão de desmoralização da instituição do casamento para combater o patriarcado e destruir a família e a sociedade ocidental².
MARIA JOSÉ ROCHA LIMA é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia e doutora em psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. E membro da Soroptimist International SI Brasília Sudoeste. Sócia Benemérita da Hora da Criança da Bahia.
2. Francisco Poeta, Recanto das letras, 2020.