Informação sobre a eficácia da vacina contra a Covid-19 foi confirmada nesta quinta-feira pelo governador de São Paulo, João Doria
SÃO PAULO – A vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, tem eficácia de 78% nos estudos no Brasil, segundo o governo do estado de São Paulo. Os dados já foram enviados para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), passo necessário para a aprovação do uso do imunizante no país.
Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, o governador João Doria confirmou que o estudo completo com pedido emergencial está nas mãos da Anvisa. A eficácia da vacina ficou entre 78% e 100% para os distintos grupos, disse o governador. Ter 100% de eficácia contra casos severos da doença significa que nenhum dos infectados que tomaram a vacina desenvolveu a Covid com gravidade.
– Hoje é um dia muito importante para o Brasil e para a saúde. A vacina do Butantan tem eficácia de 78% a 100% contra a Covid-19. O resultado significa que a vacina tem um elevado grau de eficiência para proteger os brasileiros. As pessoas que forem imunizadas terão entre 78% a 100% menos possibilidade de desenvolverem a doença – afirmou Doria.
O início da vacinação no estado de São Paulo está previsto para começar no próximo dia 25 de janeiro, data do aniversário da capital paulista. O primeiro grupo a ser vacinado será o de profissionais de saúde.
Apesar de o governo de São Paulo ter dito que o pedido foi feito, formalmente, a Anvisa divulgou uma nota informando que a solicitação ainda não foi realizada junto à agência. De acordo com o órgão, o que houve nesta quinta-feira foi uma reunião de pré-submissão e uma nova reunião será agendada com os técnicos do Instituto Butantan para dar entrada no pedido: “A reunião de pré submissão não é o pedido de submissão. Precisa ser feito de forma oficial e no protocolo o pedio. Isso é feito depois que as equipes técnicas checam documentos necessários.
O estudo da CoronaVac no Brasil foi realizado pelo Butantan junto a 16 centros clínicos, localizados em sete estados: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Até o momento, foram vacinados 12.476 profissionais de saúde, todos voluntários.
– O que tem de diferente na CoronaVac é que os testes foram realizados com profissionais de saúde, ou seja, pessoas que estão mais submetidas à presença do vírus. Os demais estudos foram realizados com a população em geral. Buscamos testar a vacina onde o risco era maior. Essa é a prova mais dura do mundo para uma vacina contra a Covid – destacou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
A eficácia mostra que a CoronaVac protegeu 100% contra casos leves e moderados do coronavírus. A internação hospitalar também foi evitada em 100% dos casos, segundo os dados apresentados. No caso do atendimento ambulatorial, foi eficaz em 78%.
– A pessoa pode até se infectar, mas queremos que a doença não progrida a ponto de precisar ir ao hospital – disse Dimas Covas.
No final de dezembro, o governo já havia anunciado que a vacina era eficaz, mas não divulgou os dados precisos a pedido da Sinovac. A divulgação dos dados da terceira e última fase dos testes clínicos era o último passo necessário antes da formalização do pedido de aprovação da vacina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A CoronaVac é feita com vírus inativado, uma estratégia em uso há décadas contra outras doenças e considerada bem estabelecida. Uma das vantagens da CoronaVac é a possibilidade de ser armazenada em temperaturas entre 2°C e 8° C.
O acordo do governo de São Paulo com a China garante 46 milhões de doses, suficientes para vacinar 23 milhões de pessoas. Seis milhões dessas doses vêm da China e outras 40 milhões serão fabricadas pelo Butantan até janeiro de 2021 com insumos importados dos chineses.