Bastou dar uma volta pela cidade para encontrar vários caçadores do monstrinho. Muitos brasilienses saíram de casa especificamente com essa tarefa. O aplicativo do jogo, que chegou na quarta-feira ao Brasil, é o mais baixado da Apple Store
Nas escolas, nas faculdades, nos shoppings e nas ruas, o brasiliense acordou ontem olhando para o celular. Na noite de quarta-feira, a Niantic lançou, em território brasileiro e na América Latina, o famoso Pokémon Go. O jogo, de realidade aumentada, leva o usuário para fora de casa em uma experiência de videogame ao ar livre. Os pokémons estão espalhados por aí, e se concentram perto dos chamados pokéstops — o Congresso, a Praça dos Três Poderes e o Parque da Cidade são alguns dos lugares com maiores pontos para ganhar pokébolas e outros itens. Basta andar com o jogo aberto no celular para encontrá-los.
Quando um pokémon aparece, o jogo abre a câmera do celular e coloca o pokémon onde o usuário está. O game é um sucesso, mas a Niantic ainda não tem o número de quantas pessoas baixaram o jogo no Brasil até agora. O Pokémon Go é o aplicativo mais baixado da App Store (o segundo lugar é de um radar para Pokémon Go e o terceiro, um simulador). No Google Play, o jogo faz menos sucesso e não está entre os mais procurados. Em nota, a empresa explica que os Pokéstops são encontrados em lugares acessíveis ao público, como marcos históricos, instalações de arte pública, museus e monumentos. “A Niantic espera que o povo do Brasil se divirta jogando!”
Pokémon foi uma febre no fim dos anos 1990. O desenho, que acompanhava a jornada de Ash, Brock, Misty e seus pokémons (quem não lembra do Pikachu?), conquistou uma legião de crianças e adolescentes na época. E os lançamentos posteriores de jogos temáticos garantiram que os bichinhos não fossem esquecidos. O Pokémon Go trata exatamente dessa fase, quando ainda eram 151 pokémons. “Acho que é a grande jogada para atrair os consumidores mais experientes, que acompanhavam o desenho na infância”, explica o técnico em operador de redes Marcelo Play, 36 anos.
Marcelo tem também um canal no Youtube chamado Play The Game DF TV, no qual fala de cultura pop, nerd e geek. Ele aproveitou o horário de almoço de ontem para subir em uma das bicicletas públicas e procurar pokémons. Em menos de 24 horas, foram mais de 50. “Eu e um grupo de amigos conseguimos emular no computador a versão internacional para pegar experiência, mas jogar ao vivo é outra coisa. É uma forma interessante de interagir socialmente e de se aventurar pela cidade para achar os pokémons. Pokémon Go é o sonho de todo fã de Pokémon”, conta.
O técnico explica ainda que a Niantic tem outro jogo de realidade aumentada, o Ingress, que pouca gente conhece, mas que funciona mais ou menos da mesma forma. Pokémon Go usa os mesmos pontos para funcionar. Felipe Barreto, 29 anos, é técnico de informática, amigo de Marcelo, e também aproveitou o intervalo para procurar alguns pokémons para a sua Pokédex. “Estou curtindo a nostalgia, vou lembrando as coisas aos poucos. Moro em Samambaia e achei poucos por lá, mas aproveitei o horário de almoço para procurar na Praça dos Três Poderes. Achei muitos”, conta.
No parque
Mesmo com o jogo do Brasil rolando, vários grupos de adolescentes aproveitaram a tarde de ontem para procurar pokémons no Parque da Cidade. O casal de estudantes Glenda Esther e Igor Neves, os dois com 20 anos, passou a tarde andando pelas vias do parque atrás de pokémons. “Eu não entendia muito o desenho, mas gostava. Acho legal porque o jogo faz as pessoas interagirem. É muito legal”, conta Glenda. Igor ganhou um ovo e não sabia como chocá-lo. “Vi um cara no ônibus jogando, e descobri como faz. Precisamos andar muito ainda”, explica. Os ovinhos precisam de uma encubadora e exigem que o usuário caminhe 2km, 5km ou 10km para abrirem.
Fonte: Correio Braziliense