Arquiteto e designer Danilo Barbosa é o criador das famosas placas em azul, verde e marrom do DF. Projeto tem reconhecimento internacional
Os traços de Brasília, que completa 62 anos nesta quinta-feira (21/4), vão além dos projetos de Oscar Niemayer, Lucio Costa, Burle Marx e Athos Bulcão. As inconfundíveis placas em tons de verde, azul e marrom, presentes no Eixo Rodoviário, nas entrequadras e em diversos pontos do Plano Piloto, são assinadas pelo arquiteto e designer Danilo Barbosa, 73 anos, responsável pela criação do projeto de sinalização da capital no fim dos anos 1970.
Natural de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, Danilo desembarcou em Brasília aos 18 anos, em 1968, para estudar arquitetura e urbanismo na Universidade de Brasília (UnB). “Naquela época, nós tínhamos contato com todo tipo de arte. Tínhamos disciplinas de cinema, artes plásticas, música, fotografia, artes gráficas, e isso abriu minha mente para a área de designer gráfico”, conta.
Danilo formou-se em julho de 1973 e, após alguns projetos para a Administração Regional do Guará e no Setor de Indústria da Ceilândia, foi convidado para trabalhar de forma definitiva na Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), onde deu início ao projeto de sinalização da cidade.
Confira fotos de Danilo ao lado de suas criações:
“Quando formado, eu me dediquei mais a essa área [design]. Logo que eu me formei, fui trabalhar na administração regional do Guará. Depois, conheci o pessoal da Codeplan e, em janeiro de 1975, fui convidado para trabalhar em definitivo por lá. Eu fiz uma proposta, e começamos em outubro de 1975. A ideia era padronizar a sinalização, com legibilidade e que se integrasse com as escalas da cidade, sem confundir e competir com o planejamento urbano”, comenta.
O projeto foi concluído em 1976, e a implementação começou a ser feita a partir de 1977. “Quando aceitei a proposta, eu era muito jovem, não tinha noção do tamanho de trabalho que me esperava”, revela. “Consegui montar uma equipe à altura. Ficávamos fazendo testes com os protótipos até tarde da noite pelas ruas”.
Vejas imagens da sinalização antes do projeto de Danilo:
“Inicialmente, nós fabricamos uns protótipos de madeira e íamos em campo para testar a adequação da altura desses elementos em relação à escala dos blocos”, detalha. Nesse período, as placas foram feitas em argamassa armada. Somente em 1990 ganhou estrutura metálica.
A fonte escolhida para as placas foi a Helvética. Além disso, as cores não são aleatórias e obedecem ao manual de sinalização interamericano. O verde é direcional, local para onde se está indo. O azul indica o lugar onde se está. As placas marrons indicam pontos turísticos, foram feitas para a Copa do Mundo de 2014 e ajudam a sinalizar os principais pontos turísticos da cidade.
“O projeto está perfeitamente integrado com as escalas de Brasília. Ele informa sem agredir ou destoar. De acordo com o espaço que você está, você tem um dimensionamento para a velocidade da via, onde o motorista pode enxergar melhor e mais rápido, com visibilidade e legibilidade. Foi tudo pensado”, ressalta o designer.
Emocionado, Danilo celebra a oportunidade de poder comemorar o 62° aniversário da cidade. “Quando que eu ia imaginar que casaria com uma mulher paraense? Só em Brasília, mesmo. Brasília me deu uma família maravilhosa. Brasília é minha paixão, eu encontrei o meu canto. Esse trabalho é uma retribuição para a cidade, é o meu grande orgulho”, celebra.
Reconhecida mundialmente, desde 2012, uma das peças do projeto, da 307/308 Sul, faz parte do acervo permanente do Museu da Arte Moderna (MoMA), em Nova York.
Como adquirir uma plaquinha de Brasília
Por meio da loja em seu site, Danilo comercializa réplicas em miniatura das placas presentes na cidade e criadas pelo arquiteto. Lá, é possível encontrar prismas dos blocos, totens, placas de sinalização, o mapa de Brasília, entre outros produtos. Clique aqui para conferir.