Foto: Hugo Barreto/Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tornou sem efeito a nomeação de Carlos Alberto Decotelli para o cargo de ministro da Educação. O ato foi publicado em edição do Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (1º/07).
Decotelli ficou cinco dias no cargo. Ele foi escolhido por Bolsonaro para substituir Abraham Weintraub, que deixou o governo há pouco mais de uma semana para assumir um cargo de diretor representante do Brasil no Banco Mundial, em Washington (EUA).
Com a decisão de Bolsonaro, Decotelli nem mesmo chegou a tomar posse em cerimônia no Palácio do Planalto, como é de praxe no governo. O evento estava previsto para ocorrer na terça-feira (30/06), mas foi suspenso.
O agora ex-ministro se envolveu em uma série de polêmicas acerca de irregularidades em seu currículo (leia mais abaixo). Ele se reuniu na tarde de terça com o presidente Bolsonaro para entregar sua carta de demissão.
Na segunda-feira (29/06), Bolsonaro chegou a compartilhar uma nota em suas redes sociais, na qual afirmou ter visto “inadequações” no currículo de Decotelli, mas que ele tinha “capacidade” para ser ministro.
Polêmicas
As polêmicas envolvendo o nome de Decotelli tiveram início na sexta-feira (26/06), um dia após ser nomeado ministro da Educação. Desde então, duas instituições de ensino questionaram qualificações que o agora ex-ministro havia listado no próprio currículo na plataforma Lattes.
O reitor da Universidade de Rosário (Argentina), Franco Bartolacci, chegou a ir nas redes sociais questionar a inclusão do título de doutor indicado pelo ex-ministro.
Em resposta, o Ministério da Educação divulgou um certificado que atestava a conclusão de todos os créditos do doutorado de Decotelli em administração, mas que não provava que ele havia defendido a tese. Sem cumprir essa etapa, o título não pode ser concedido.
A contestação de Bartolacci levou o professor a alterar seu currículo, desta vez, fazendo a ressalva de que não houve, de fato, defesa de tese.
Na segunda-feira, a Universidade de Wüppertal, na Alemanha, contestou o pós-doutorado que constava na lista de qualificações de Decotelli. Segundo a instituição, ele não obteve “nenhum título” na universidade.
Além disso, também causou polêmica a constatação de que trechos da dissertação de mestrado de Decotelli continham partes semelhantes a de trabalhos publicados em anos anteriores por outros autores.
Por causa das notícias sobre o caso, a Fundação Getulio Vargas (FGV), onde ele fez o mestrado, informou que vai “apurar os fatos referentes à denúncia de plágio na dissertação do ministro Carlos Alberto Decotelli”.
Por meio de nota, a FGV afirmou nessa terça que Decotelli não faz parte do quadro de professores efetivos da instituição.
Em seu currículo, Carlos ALberto Decotelli cita 18 vezes o vínculo institucional com a FGV, entre 2001 e 2018, como “professor” da fundação.
“O prof. Decotelli atuou apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos e não como professor de qualquer das escolas da Fundação. Ele foi um professor colaborador, não tinha vínculo com a FGV. Deu aula em diversos cursos lato sensu. Foi também um dos coordenadores do MBA em Finanças na FGV e do curso ‘Gestão Financeira Corporativa””, disse a instituição.
Fonte: Metrópoles