A prioridade do presidente é ter liberdade para escolher candidatos nos estados
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) avançou nas conversas para sua filiação ao PP em reunião no Palácio do Planalto, na segunda-feira (25), com o ministro Ciro Nogueira e seu filho senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também acompanhou a encontro, que foi fora da agenda das autoridades, apesar de não estar participando ativamente das negociações.
Após a reunião, interlocutores disseram à reportagem que a probabilidade de filiação ao PP é grande.
Há mais de dois anos sem partido, o chefe do Executivo disse a interlocutores que gostaria de resolver o imbróglio partidário antes de embarcar nesta quinta-feira (29) para a reunião do G20 em Roma.
Segundo relatos, Bolsonaro teria feito uma enquete com seus auxiliares mais próximos, e a maioria teria dado parecer favorável à filiação ao partido de Ciro Nogueira.
A prioridade do presidente é ter liberdade para escolher candidatos nos estados, em especial para o Senado.
Em entrevista à emissora Jovem Pan News nesta quarta-feira (27), o presidente confirmou que atualmente pende entre entrar no PP ou no PL.
“Eu tenho que ter um partido de qualquer maneira. Eu não sei se vou disputar reeleição ou não, tá cedo ainda. Hoje em dia está mais para o PP ou PL, me dou muito bem nos dois partidos. Fiquei no PP uns 20 anos, a decisão passa por aí”, disse.
“Tenho interesse, caso dispute a reeleição, de ter uma bancada de federal, que não vai ser minha -vai ser daquele partido. Tenho interesse em indicar metade dos candidatos ao Senado, pessoas alinhadas conosco, que vão ter uma posição lá conservadora; uma posição que interesse realmente o destino do Brasil. E estou atrasado nisso. Mas a escolha de um partido é que nem um casamento. Mesmo escolhendo às vezes a gente tem problema, imagina se a gente fizer de atropele essas questões?”
Apesar de terem demonstrado otimismo com a negociação com PP, auxiliares admitem que o presidente ainda está indeciso e tem histórico de dificuldade para tomar decisões desta natureza.
Até o fim de semana, o clã estava mais próximo de se filiar ao PL de Valdemar da Costa Neto. O dirigente, ex-aliado do PT preso no escândalo do mensalão, divulgou um vídeo na segunda com um convite público ao presidente, seus filhos e “fieis seguidores”.
A legislação eleitoral permite que congressistas deixem sua sigla, fora da janela partidária, sem perder o mandato, quando há fusão.
O maior temor de auxiliares palacianos, se for confirmada a filiação de Bolsonaro ao PP, é o afastamento do partido de Valdemar da Costa Neto do Planalto nas eleições do ano que vem.
As duas legendas consideram que só será possível fazer uma bancada forte no Congresso, em especial na Câmara, se o presidente estiver filiado ao partido.
Por FolhaPress