Internado há um dia no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu uma entrevista na noite de quinta-feira (15/7) afirmando que a necessidade de uma cirurgia está afastada.
Bolsonaro voou de Brasília para São Paulo na noite de quarta-feira, quando foi internado com um quadro de obstrução intestinal e foi submetido a exames. Ele ficou em observação e, naquele momento, ele e a equipe médica falavam da possibilidade operar.
Mas, em entrevista ao apresentador de TV Sikera Junior na quinta, o presidente disse ao lado de seu médico, Antônio Luiz Macedo, que sua saúde “evoluiu bastante”.
“Cheguei aqui no dia de ontem com um indicativo muito forte pra cirurgia, tendo em vista que foi constatada uma obstrução intestinal. Isso tudo aconteceu dada as quatro facadas que eu levei”, disse, referindo-se ao ataque do qual foi vítima em Juiz de Fora (MG) durante campanha eleitoral de 2018.
“Mas graças a Deus de ontem pra hoje evoluiu bastante esse quadro, então a chance de cirurgia realmente está bastante afastada.”
Depois de enumerar consequências da facada na saúde de Bolsonaro desde 2018, como perfurações, infecções e uma hérnia, Macedo acrescentou: “A cirurgia em princípio está afastada, uma vez que intestino começou a funcionar e o abdômen está mais flácido e mais funcionante.”
Em nota divulgada à imprensa na noite de quinta-feira, o Hospital Vila Nova Star afirmou que o presidente mantém “evolução clínica satisfatória”, mas ainda não tem previsão de alta.
“Foi retirada a sonda nasogástrica e planeja-se o início da alimentação para amanhã”, informa a nota.
A equipe que acompanha Bolsonaro no hospital é formada pelo cirurgião-chefe Antônio Luiz Macedo; Ricardo Camarinha, cardiologista do presidente; Leandro Echenique, clínico e cardiologista; Antônio Antonietto, diretor médico do Vila Nova Star; e Pedro Henrique Loretti, diretor geral do hospital.
Em virtude da internação, Bolsonaro cancelou a rotineira transmissão ao vivo que faz às quintas-feiras em sua página no Facebook e adiou uma viagem que faria para Manaus (AM) na sexta-feira (16/7). As alterações nos compromissos foram divulgadas pelo presidente nas redes sociais na tarde de quinta.
Antes de voar para São Paulo, Bolsonaro deu entrada no Hospital das Forças Armadas, no Distrito Federal, para investigar a causa de uma crise de soluços que o incomodava há dias, conforme mencionou em vídeos nas redes sociais e conversas com apoiadores.
“Após exames realizados no HFA em Brasília, o Dr. Macedo, médico responsável pelas cirurgias no abdômen do Presidente da República, decorrentes do atentado a faca ocorrido em 2018, constatou uma obstrução intestinal e resolveu levá-lo para São Paulo onde fará exames complementares para definição da necessidade, ou não, de uma cirurgia de emergência”, disse nota da Secretaria de Comunicação do governo (Secom).
À rádio Jovem Pan, o filho do presidente e senador Flavio Bolsonaro disse na quarta-feira que, quando ainda estava em Brasília, o presidente chegou a ser intubado e internado em uma UTI por precaução. Em entrevista a jornalistas no Senado, Flavio Bolsonaro abordou também como o pai esteve nos últimos dias.
“A gente percebia a dificuldade dele até de falar, de fazer discurso… Ele está se submetendo a uma agenda muito intensa”, acrescentou, contando que a família vinha pedindo que o presidente dormisse e comesse de forma mais saudável.
O que é obstrução intestinal?
Como o próprio nome já diz, essa condição está relacionada com o bloqueio de parte do intestino delgado ou do intestino grosso.
Essa obstrução impede a passagem de alimentos e enzimas digestivas que, ao longo dos intestinos, estão envolvidos em uma série de processos para extrair nutrientes e descartar aquilo que não será aproveitado pelo corpo, formando as fezes.
Esse problema pode evoluir aos poucos e só dar sinais mais contundentes no momento em que está mais grave.
Esse entupimento pode ser provocado por uma série de fatores, como doenças inflamatórias (caso de Crohn e diverticulite), tumores e até alimentos secos e duros (como sementes de jabuticaba, por exemplo).
No caso específico de Bolsonaro, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que o quadro está possivelmente relacionado às várias cirurgias que ele precisou passar após sofrer a facada em 2018.
Essa condição também costuma estar relacionada com inchaço e dores fortes na barriga, sintomas que Bolsonaro apresentou nas últimas horas, segundo boletins divulgados pelo governo federal na quarta-feira.
Dependendo da causa, da gravidade e do local onde a obstrução ocorreu, o médico pode opta por um tratamento mais conservador, com medicamentos e técnicas não invasivas, ou pela cirurgia, de acordo com especialistas. (BBC)