O Palácio do Planalto quer aproveitar a libertação do ex-presidente Lula para dar ênfase ao pacote anticrime, do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Foi ele, quando era juiz federal, que condenou o petista quando era juiz.
É consenso entre a alta cúpula do governo federal que o importante é não entrar em guerra com Lula. Tanto é que, dos subordinados ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), apenas o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, mencionou diretamente o ex-presidente, ao acusá-lo de “incitar a violência”.
A manutenção dessa estratégia, no entanto, está diretamente relacionada ao comportamento do petista ao longo dos próximos dias. As supostas caravanas e viagens para o país, que Lula afirmou que começará a fazer, podem contribuir para um acirramento dos ânimos na sociedade – o que necessariamente refletiria no ambiente político nacional.
O fato é que, pelo menos até o momento, Bolsonaro tem se mantido relativamente cauteloso em relação à soltura do ex-presidente. A primeira manifestação dele sobre a questão foi pelo Twitter, onde pediu que não se dê “munição” ao “canalha” que “momentaneamente está livre, mas carregado de culpa”. Depois, Bolsonaro disse, na porta do Palácio da Alvorada, que não vai “dar espaço” nem “contemporizar” com o petista.
Pelo menos por enquanto, é justamente essa a estratégia do governo sobre a questão. A ideia é evitar o confronto direto para minimizar o espaço de Lula no debate público.