Nos últimos três dias, o presidente Jair Bolsonaro ganhou 142 mil inscritos em sua página no aplicativo, um aumento de 13,1%
A suspensão do Telegram no Brasil, decretada na sexta-feira passada e revogada anteontem pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, impulsionou os perfis da família Bolsonaro no aplicativo, mostra levantamento do Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia, realizado em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a pedido do Estadão.
Nos últimos três dias, o presidente Jair Bolsonaro ganhou 142 mil inscritos em sua página no aplicativo, um aumento de 13,1%. Ontem, o perfil do chefe do Executivo tinha 1,2 milhão de seguidores. Bolsonaro ganhou quase três vezes mais seguidores que o total do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (51 mil) no Telegram.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) registrou 11 mil seguidores a mais no período e chegou aos 100 mil inscritos na rede social, um aumento de 12,1%. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que tinha 77 mil inscritos até sexta, ganhou 10 mil seguidores – um crescimento de 12,3%. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) conquistou 3 mil seguidores, um aumento de 5%.
“A ação de Moraes causou um redemoinho nos grupos de extrema direita”, afirmou o coordenador do Laboratório de Humanidades Digitais, Leonardo Nascimento, que monitora articulações da extrema direita no Telegram. Segundo o pesquisador, os grupos monitorados trocaram cerca de 300 mil mensagens ao longo de sexta-feira, dia do anúncio do bloqueio do Telegram – número próximo ao registrado no 7 de Setembro, um dos mais intensos na plataforma.
“Se olharmos os efeitos políticos disso, a ação causa um clima de guerra nos grupos de extrema direita, algo que alimenta a ação deles”, observou Nascimento.
‘Implacável”
Bolsonaro voltou a criticar ontem a decisão de Moraes e se disse alvo de “perseguição implacável” por parte do ministro. “Sabemos da posição do Alexandre de Moraes. É uma perseguição implacável para cima de mim”, afirmou o presidente à Jovem Pan. “Sabemos o que eles querem. Querem eu fora de combate e o Lula, eleito.”
Bolsonaro considerou, ainda, a medida contra o aplicativo um “crime”. “Um crime, um ato lamentável. São milhões de pessoas que usam Telegram, você não pode prejudicar”, declarou.
Estadão Conteúdo