Em pronunciamento transmitido ao vivo de Washington, o presidente garantiu que a Rússia será penalizada e impôs novas sanções
Spencer Platt/Getty Images
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou US$ 150 milhões para a segurança da Ucrânia e fez novas ameaças ao presidente russo, Vladimir Putin. Esta é a primeira manifestação pública do líder norte-americano após o início dos bombardeios no Leste Europeu.
Nesta quinta-feira (24/2), em pronunciamento transmitido ao vivo de Washington, Biden garantiu que a Rússia será penalizada e impôs novas sanções econômicas. “A agressão de Putin vai custar muito à Rússia”, iniciou.
“Vamos limitar a habilidade da Rússia em negociar em dólares, libras e outras moedas. Impediremos as negociações de tecnologia e industrial. Fazemos sua moeda [Rublo russo] atingir seu valor mínimo. Temos agora US$ 1 trilhão de bens congelados. Um terço dos bancos russos estão cortados, incluindo o segundo maior banco da Rússia”, resumiu.
Biden anunciou a autorização de envio de militares para Letônia, Estônia e Lituânia. Essas tropas vão reforçar a presença militar na Alemanha e na Polônia.
“Putin é o agressor, ele escolheu essa guerra e vai aguentar as consequências. Os EUA vão defender cada centímetro do território da Ucrânia. Mandamos milhares de forças para a Alemanha e para Polônia”, alertou.
O presidente norte-americano ainda prometeu auxiliar o povo ucraniano. “A América fica de frente com os agressores, ao lado da verdade. Se a Rússia fizer ataques cibernéticos contra as nossas empresas, vamos responder”, salientou.
“A Rússia sempre fabricou pretextos. Putin desferiu um golpe muito duro contra o povo ucraniano. Ele atacou os princípios mundiais por um desejo de império. O desejo é retomar a antiga União Soviética. Desejo de mudanças de fronteiras pela força. Isso mostra uma visão sinistra.”
Bombardeios
Os bombardeios russos se intensificaram nas últimas horas e as tropas já se aproximam de Kiev, capital ucraniana e coração do poder do país. Além disso, os militares tomaram o controle da região onde ficava a usina radioativa de Chernobyl.
De acordo com o Ministério da Defesa russo, 74 instalações militares ucranianas foram destruídas até o momento, incluindo 11 bases aéreas.
Líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia condenaram os ataques russos à Ucrânia. As instituições consideraram este como o maior bombardeio desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Otan, entidade militar liderada pelos Estados Unidos. Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).
Sanções
Em pronunciamento, transmitido ao vivo de Bruxelas, Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, afirmou que o bombardeio é “tolo” e que essa é uma violação internacional inadmissível por parte do presidente russo, Vladimir Putin.
“É um ataque contra seres humanos. A União Europeia e seus aliados condenam a Rússia. Continuaremos a enviar ajuda humanitária, financeira e militar para a Ucrânia”, frisou.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que o bloco prepara um novo pacote de sanções econômicas contra a Rússia. A ideia inicial é dificultar o acesso do país a capitais financeiros estrangeiros e restringir a indústria de tecnologia.
“Putin ordenou ações atrozes contra um país soberano, um povo inocente. O que está em jogo é a ordem. Putin traz a guerra de volta à Europa. O povo russo não quer essa guerra.”
Os ataques
A invasão russa ocorreu na madrugada desta quinta-feira (24/2), horário de Brasília. Logo em seguida, as sirenes da capital Kiev começaram a tocar. O som foi o primeiro alerta à população sobre um possível ataque aéreo. O aeroporto da cidade foi esvaziado e teve os voos suspensos.
Na Ucrânia, há registros de ataques vindos da Bielorrússia e Crimeia, região anexada pela Rússia. Militares ucranianos afirmam ter abatido cinco aviões russos, além de um helicóptero, na região de Luhansk, um dos dois territórios separatistas da Ucrânia.
Putin alertou para que nenhum outro país interfira na ofensiva russa na região separatista da Ucrânia. “Quem tentar interferir ou criar ameaças para o nosso país e nosso povo deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências como nunca antes experimentado na história.”
Na manhã desta quinta, uma segunda onda de mísseis teria atingido a Ucrânia. O governo ucraniano fala em oito mortos e diz que está respondendo aos ataques.