Presidente do STF comentou revelações da Operação Contragolpe. PF aponta que um policial federal e quatro militares do Exército teriam articulado golpe e morte de autoridades.
Por Fernanda Vivas, Gustavo Garcia, TV Globo e g1 — Brasília
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso — Foto: Reprodução
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, classificou como “estarrecedoras” as informações sobre o plano golpista que veio a público com a Operação Contragolpe, da Polícia Federal.
O ministro deu as declarações durante uma sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), colegiado que é presidido por Barroso
Nesta terça-feira (19), a PF prendeu um policial federal e quatro militares do Exército Brasileiro suspeitos de planejar, após as eleições de 2022, um golpe de Estado e as execuções do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin.
“Nós amanhecemos com notícias estarrecedoras sobre uma possível tentativa de golpe que teria ocorrido no Brasil após as últimas eleições presidenciais. As investigações ainda estão em curso e é preciso aguardar a sua evolução. Mas tudo sugere que estivemos mais próximos do que imaginávamos do inimaginável”, afirmou o ministro.
O ministro do Supremo também afirmou que a articulação revelada pela PF é a “expressão de um sentimento antidemocrático e de desrespeito ao Estado de Direito. “Estamos falando de crimes previstos no Código Penal”, acrescentou Barroso.
‘Ciclos do atraso’ superados, avalia ministro
Embora tenha dito que as notícias sobre tentativa golpista são “estarrecedoras”, o presidente do STF afirmou acreditar que os “ciclos do atraso” foram superados.
“Mas é preciso empurrar para a margem da história comportamentos como esses, que estão sendo noticiados pela imprensa e que são uma desonra para o país”, completou.
Ele prosseguiu dizendo que as instituições estão funcionando e com harmonia e que as investigações estão sendo feitas com seriedade. E que eventuais crimes serão julgados conforme a lei e a Constituição.
“Felizmente, nós já superamos os ciclos do atraso dessas quarteladas e dessa visão antidemocrática de que ‘eu não suporto que alguém que pense diferente de mim tenha sido eleito’. Um retrocesso imenso saber que nós estivemos perto de alguma coisa como essa”, concluiu.
Tentativa de golpe
A Polícia Federal deflagrou nesta terça uma operação que revelou um plano de militares do Exército para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O plano foi traçado no fim de 2022, pouco antes de Lula e Alckmin, que venceram a eleição daquele ano, tomarem posse. Quatro militares do Exército e um agente da PF, envolvidos com a estratégia golpista e homicida, foram presos.
As informações sobre os preparativos para matar as autoridades e dar um golpe de Estado foram encontradas pela PF, com ajuda de um equipamento israelense, em celulares e computadores dos investigados.