Ainda que os seres humanos tenham feito necessidades fisiológicas há milhões de anos, os banheiros demoraram para surgir como um espaço fixo e destinado apenas à eliminação de resíduos, o que só aconteceu quando os primeiros humanos começaram a viver juntos em grupos cada vez maiores, entendendo a necessidade de montar um sistema de descarte para isso.
Os primórdios dos banheiros foram encontrados na civilização do Vale do Indo, a noroeste da Índia e do Paquistão, e datavam de 2800 a.C., mas não chegavam nem perto do que a Roma Antiga fez, e pelo qual ficou conhecida por um dos lugares que inovaram em questão de logística nos tempos antigos.
Mas o problema do homem na escala de evolução sempre foi o que fazer com o lixo que gera, ou, nesse caso, com as fezes que produz em grande escala diariamente. Ainda que os romanos do início da era cristã tenham se gabado pelas calhas e sistemas de aquedutos que inventaram para direcionar os resíduos que eliminavam, eles não faziam ideia do que fazer com o seu destino. O resulto foi uma Roma podre que fedia ainda mais durante o calor, impregnando o ar da cidade.
Uma relação quase perfeita
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Foi pensando em como aprimorar esse sistema de eliminação e, consequentemente, evitar doenças e estabelecer um padrão higiênico, que a China Antiga de 200 a.C., durante a dinastia Han, chegou a uma brilhante solução: latrinas de porcos.
Os chineses construíram um espaço onde seus banheiros externos conseguissem ficar em um nível elevado sobre um chiqueiro para que os porcos pudessem comer os dejetos com os outros alimentos que também recebiam, criando um sistema eficiente de compostagem que ajudava na eliminação dos dejetos, prevenção de doenças e redução de odores.
(Fonte: Atlas Obscura/Reprodução)
Esses “banheiros de porcos”, como ficaram conhecidos, prosperaram, principalmente, nas áreas rurais — onde ainda são numerosos —, funcionando como uma roda para o mercado da agricultura. A velocidade com que os porcos famintos e raivosos consumiam os resíduos humanos minimizaram o contato com moscas e roedores.
E como o esterco do porco quase não tem odor, os agricultores o usaram como fertilizante para culturas ricas em nutrientes, como nitrogênio e potássio. O movimento dos animais no cocho fez quebrar o esterco, gerando um subproduto enriquecido pelos chineses com grãos.
A tradição milenar
(Fonte: Cinderella Released/Reprodução)
O sistema foi tão eficiente e importante para a vida dos chineses antigos que miniaturas das latrinas para porcos feitas em argila costumavam ser enterradas com as pessoas, simbolizando seu impacto na vida cotidiana.
Recentemente, arqueólogos encontraram estatuetas de porcos em túmulos da era neolítica, escavados na província chinesa de Shandong, mostrando o quão antiga é a herança dos chineses com os animais, e que as latrinas de porcos só serviram para estreitar ainda mais os laços e criar uma relação simbiótica quase perfeita.
Muito embora pessoas ainda usem latrinas para porcos nas áreas rurais da China, os esforços para modernizar o saneamento estão substituindo a tradição milenar, como destacou Dai Wangyun, doutor em folclore, em uma matéria da Sixth Tone.
Fonte: Megacurioso*