Na segunda semana de jogos da Copa do Mundo, a ausência de senadores e deputados derrubou a sessão desta quarta-feira (18) da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito criada para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras. Apenas 10 dos 32 integrantes compareceram, o que impediu até mesmo a abertura da reunião. A presença mínima para isso é de 11 parlamentares.
A sessão era destinada a votar cerca de 300 requerimentos, que previam, entre outras coisas, quebras de sigilo e convocações. Para que haja decisão, é necessária a participação de 17 parlamentares.
Apesar das ausências, o presidente da CPI mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), marcou para a próxima quarta-feira (25) depoimento do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.
“Temos que insistir. Não podemos paralisar os trabalhos por causa da Copa do Mundo”, disse. Ele reconheceu, porém, que o jogo do Brasil contra a seleção do Camarões, na segunda (23), e a realização de convenções partidárias nos estados poderão prejudicar a realização da audiência.
O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), justificou a falta de quórum nesta terça dizendo que já foram aprovados vários requerimentos na segunda sessão da comissão. Para ele, haverá presença maior de parlamentares no depoimento de Gabrielli. “A sessão de oitiva é mais fácil de ter mais presença. Vamos estar aqui”, afirmou o petista. Já a oposição acusou o governo de manobrar para impedir o andamento das investigações que afetam a Petrobras.
Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), o esvaziamento da CPI foi “bancado” pelos parlamentares governistas.
“Já estava combinado. O script montado pelo governo funcionou lamentavelmente em prejuízo à população brasileira”, afirmou o líder oposicionista após o encerramento da sessão.
Na semana passada, um dia antes da abertura da Copa do Mundo, a CPI mista ouviu durante 8 horas depoimento da atual presidente da Petrobras, Graça Foster. A dirigente da estatal brasileira admitiu a possibilidade de “erros” de planejamento na compra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e disse que fica “envergonhada” com as denúncias de irregularidades envolvendo a petroleira.
Graça chegou à Câmara às 14h e foi interrogada por deputados e senadores até às 21h50. O relator da CPI, Marco Maia (PT-RS), demorou quase três horas para fazer 139 perguntas à presidente da Petrobras, o que gerou indignação entre parlamentares da oposição.
Na ocasião, o líder do Solidariedade, Fernando Francischini (PR), interpretou a grande quantidade de perguntas como uma manobra para evitar que a oposição questionasse a dirigente. Em protesto, levou uma pizza para o plenário da comissão.