Das 14 praias de Icapuí, pelo menos 6 possuem estágios avançados de erosão, trazendo prejuízos como casas danificadas, pescadores impedidos de zarpar, pousadas fechadas e hospedagens canceladas. Moradores e poder público buscam realizar obras de emergência para conter o avanço do mar.
Icapuí tem pelo menos seis praias com problemas de erosão costeira — Foto: Montagem/Gustavo Pellizzon/SVM
Por Leonardo Igor de Sousa, Kilvia Muniz, g1 CE
Águas cristalinas, mar calmo, dunas e falésias. O município de Icapuí, no Ceará, mantém um litoral mais calmo e menos concorrido, diferente das badaladas praias de Canoa Quebrada e de Jericoacoara, o que o torna um dos destinos litorâneos mais paradisíacos do estado, com praias bonitas e tranquilas. O problema, porém, é que por conta da erosão litorânea, este cenário de calmaria pode acabar.
Desde a década passada, o município cearense, localizado na divisa com o Rio Grande do Norte, tem registrado episódios cada vez mais frequentes e mais fortes de destruição causada pela força do mar. Das 14 praias de Icapuí, pelo menos 6 possuem estágios avançados de erosão que obrigaram moradores e poder público a realizar obras de emergência para conter o avanço do mar.
A lista de prejuízos é extensa. Há casas danificadas, pescadores impedidos de zarpar, pousadas fechadas e hospedagens canceladas. Dezenas de famílias foram obrigadas a se mudar, e até mesmo uma escola precisou ser demolida após o mar avançar sobre o prédio.
No último dia 10 de janeiro, uma forte ressaca do mar na Praia da Peroba destruiu passarelas de madeira, cercas de contenção, arrastou sacos de areia, destruiu parte das dunas sobre as quais estão erguidos casas e hotéis e deixou descobertos os alicerces de construções, agora ainda mais expostos às intempéries do mar.
“Realmente a gente teve um prejuízo muito grande com o avanço dessa última maré. Ela quebrou todas as contenções na frente e passou pra pegar parte da casa”, conta Israel Santos, presidente da Associação de Moradores da Praia da Peroba (AMP).
Ressaca do mar no início de janeiro na Praia da Peroba, em Icapuí, destruiu estruturas de contenção — Foto: Associação de Moradores da Peroba
“Tem pessoas na minha família com a casa quase caindo. Um primo meu tem uma pequena serraria, não tá chegando material porque não pode [atravessar]”, conta o pescador Francisco Pereira, que assim como vários companheiros de profissão, vive da pesca da lagosta.
Com o mar revolto avançando sobre o continente, Francisco Pereira precisou alterar o ponto de partida do seu barco para conseguir se lançar às águas em busca do sustento. Agora, em vez de sair da Praia da Peroba, onde vive, ele se desloca a uma comunidade vizinha, onde vive sua irmã, e de lá vai ao mar.
Avanço do mar em praia de Icapuí, no Ceará — Foto: Kilvia Muniz/Sistema Verdes Mares
Muitas vezes, a água da maré chega a invadir pistas e impede a circulação de moradores e turistas. A situação o faz temer pela irmã. “Ela já é uma mulher de 60 e poucos anos. Vai que fica doente em um momento de maré alta, como é que vai levar pro hospital?”, questiona.
Para lidar com o cenário, em algumas regiões, moradores se uniram para construir muros feitos de sacos de areia e estacas de madeira. A prefeitura do município, por sua vez, afirma já ter investido mais de R$ 25 milhões de reais em obras de contenção da maré.
Em janeiro deste ano, a administração municipal anunciou uma nova obra milionária para a construção de espigões em uma das praias mais procuradas por turistas e mais afetadas pela erosão. A obra foi concebida após disputas na comunidade e intervenção judicial.Entenda a situação:
Prejuízos no paraíso
Icapuí possui praias bonitas e menos ocupadas em relação a destinos populares como Canoa Quebrada e Jericoacoara — Foto: Gustavo Pellizon/SVM
Icapuí é um dos 20 municípios cearenses que possuem litoral. A cidade tem 64 quilômetros de costa e é vizinha a Aracati, um dos destinos turísticos mais conhecidos do Ceará, onde fica a praia de Canoa Quebrada.
O mar calmo e cristalino de Icapuí, as praias sem fluxo intenso e a quantidade de visitantes exponencialmente menor que Jericoacoara e Canoa Quebrada fazem da cidade uma espécie de pérola escondida no litoral cearense.
Em 2022, por exemplo, a Praia de Picos, em Icapuí, foi escolhida pelo presidente Lula, então pré-candidato do PT à presidência, para descansar com sua companheira, Janja, durante passagem pelo Ceará. Os dois ficaram na casa que o ex-governador e agora ministro da Educação, Camilo Santana, mantém no local.
A cidade também é conhecida como uma das maiores produtoras de lagosta do estado – e o Ceará, por sua vez, é responsável por praticamente metade das exportações de lagosta do Brasil. O cenário bucólico e até mesmo a pesca da lagosta, no entanto, estão ameaçados pelo avanço do mar sobre as praias do município.
Das 14 praias de Icapuí, pelo menos seis têm registros de fortes processos erosivos: as praias de Barrinha, Barreiras de Cima, Barreiras da Sereia, Quitéria, Redonda e Peroba. Em algumas dessas, famílias tiveram que ser removidas de suas casas pelo avanço da água.
O coordenador municipal de Defesa Civil, Daniel Oliveira, apontou que somente na Praia da Peroba, uma das mais buscadas pelos turistas e uma das mais afetadas pela erosão, existem cerca de 20 imóveis ameaçados.
“Nós estamos em uma situação crítica. Chegamos a um ponto em que não queríamos ter chegado. 20 imóveis praticamente em situação de ser destruídos pela força da maré. A maré tá vindo de forma muito brusca. As pessoas estão com muito medo dos seus imóveis serem levados pela força da maré”, relata.
Prejuízo
Obras de contenção feitas pelos moradores para conter avanço do mar em Icapuí — Foto: Associação de Moradores de Peroba
Assim como muitos outros moradores, o presidente da AMP, Israel Santos, tem na sua renda o aluguel de imóveis para turistas. Com a ressaca do mar, ele teve que cancelar os aluguéis.
“A gente com medo já mandou as pessoas que estavam hospedadas saírem da casa e tô cancelando todos os aluguéis que já tavam previstos até o final de janeiro e até o carnaval. Então é um prejuízo muito grande, um desespero muito grande, a gente tá muito preocupado com essa situação”, conta.
Além da ameaça ao turismo, entre os problemas causados pelo avanço do mar sobre a área de praia estão:
- Erosão das dunas e redução da faixa de praia
- Destruição de moradias e propriedades
- Dificuldade da pesca, uma vez que se torna mais difícil para as embarcações zarparem e, na volta, fazerem o descarregamento
- Dificuldade de acesso às praias e movimentação de comunidades da costa
- Salinização dos lençóis freáticos; segundo a Prefeitura de Icapuí, a água potável consumida nas comunidades, extraída do solo, está ficando salgada
Nos últimos anos, com o recrudescimento da força das águas, a proximidade do mar tem dificultado inclusive o movimento de pedestres e veículos na região da Peroba.
“Fica complicado da gente receber os hóspedes. Eles conseguem ir pra pousada, porque tem uma escada ali na frente, só que quando a maré enche a gente fica tudo ilhado. E não tem restaurante, fica complicado se alguém quiser dar uma saída”, lamenta Eurisvan Cruz, que administra uma pousada no local há 11 anos.
O líder comunitário Israel Santos destaca que o problema afeta não apenas os empreendimentos, mas até mesmo o trabalho dos pescadores e as casas onde os moradores vivem.
“Toda a comunidade, a área dos pescadores. É uma preocupação de toda a comunidade. Todos estão sendo afetados, pescador, pessoas que têm casa e alugam nesse período de veraneio, está todo mundo assustado com essa força da maré e como vai se resolver esse processo”, desabafa.
Problemas naturais são agravados por ação humana
Mar avança na direção de casas na Praia da Peroba, em Icapuí, no litoral cearense — Foto: Arquivo pessoal
A pequena faixa de areia que faz o contato do continente com o oceano é denominada praia. É justamente essa faixa de areia a mais afetada pelo processo erosivo de Icapuí. Com o encurtamento da faixa de praia, o mar começa a chegar às dunas onde foram erguidas propriedades, e o resultado é o que tem ocorrido em várias praias do município nos últimos anos.
O encurtamento da faixa de areia pode ter várias razões. Boa parte dos sedimentos que alimentam as praias, ou seja, que “abastecem” as praias de areia, chegam até ao litoral através dos rios que desaguam no mar. Ou seja, são sedimentos que são carregados do interior, do continente, até o mar, e acabam compondo a faixa de areia.
Como são uma região constantemente varrida pelo vento e banhada pelo mar, as praias todos os dias perdem areia e ganham areia. Quando há um desequilíbrio, por exemplo, nos mecanismos que garantem o “abastecimento” de areia para as praias, os processos de erosão se aceleram.
Mar avança de destrói a faixa de areia da praia da Peroba em Icapuí. — Foto: Kilvia Muniz/Sistema Verdes Mares
Em Icapuí, não há nenhum grande rio que ajude nesse processo de “abastecimento” da areia da praia. O pesquisador Eduardo Lacerda Barros, que estuda o litoral de Icapuí, aponta que este fator natural da região é ampliado pela construção de reservatórios, que acabam por represar a água e a areia.
“A gente tem pouco volume de chuva e a necessidade de construir reservatórios para garantir abastecimento hídrico [no Ceará]. Eu tenho a criação dos reservatórios, consequentemente eu tenho ali água disponível, mas eu tenho esse abastecimento de sedimentos para o litoral impactado, porque eu acabo impactando essas areias que chegariam ao nosso litoral”, explica o geógrafo.
Já no litoral, as dunas, falésias e mangues próximos à faixa de praia, que também poderiam fazer esse papel de abastecimento de areia, acabam sendo ocupadas pelas construções de casas e empreendimentos, o que reduz a transferência do sedimento. “Tudo isso impacta diretamente na quantidade de areias que chegariam até as nossas praias”, completa Eduardo Lacerda.
Outro fator de impacto é que o relevo das praias em Icapuí é muito plano – por isso, em algumas regiões como a Praia da Peroba, é possível entrar vários metros no mar com a água ainda na cintura. Sem um declive maior entre o continente e o mar, e com uma faixa de praia curta, a água facilmente chega até as casas e outras construções durante as marés mais fortes.
Por fim, as marés e ressacas do mar, cada vez mais intensas e mais frequentes, terminam por adicionar o elemento de devastação. Em 2010, o mar chegou ao Centro Educacional Telina Maria da Costa, a escolinha da comunidade da Praia da Barrinha. A água derrubou paredes da escola, e a prefeitura teve que demolir o resto.
Obras de contenção feitas pelos moradores para conter avanço do mar em Icapuí — Foto: Associação de Moradores de Peroba
De lá para cá, a situação só piorou. Em 2012, cerca de 16 famílias tiveram que deixar suas casas pela invasão das águas. Eles foram reassentados em casas do governo, ainda na Praia da Barrinha. Em 2014, já chegava a 50 o número de famílias que deixaram as casas à beira-mar pelo risco.
O cenário é pior nos meses em que há ondas do tipo swell – formadas a partir de tempestades em alto mar – e quando há o fenômeno da “Superlua”, quando a Terra e a Lua estão mais próximas, afetando o movimento das ondas.
Em dezembro de 2017, a Superlua fez com que a água do mar avançasse sobre as dunas na Praia de Barreiras de Cima, atingisse as residências e alagasse as vias de acesso à comunidade. Por horas, a comunidade da Praia de Barreiras ficou sem estradas de acesso para o centro de Icapuí.
Os dias de ressaca do mar têm se tornado mais frequentes, conforme os moradores, o que gera cenários de destruição semelhantes ao registrado no início de 2024 na Praia da Peroba.
Em 2017, mar avançou sobre vias e isolou comunidade em Icapuí — Foto: Melquíades Júnior/SVM
“Obviamente a gente não pode deixar de levar em consideração as condições de mudança climática, elevação do nível dos oceanos e o aumento dos eventos extremos. Esses eventos extremos, ressaca, tempestade, estão sendo cada vez mais recorrentes, com um período de retorno mais curtos, e estão sendo mais intensos”, destaca Eduardo Lacerda.
“Se você tem processos ocorrendo com maior intensidade, ressaca, as marés com maiores amplitudes em uma área que já tem tendência a ter erosão, se você permite que a ocupação chegue muito próximo desse limite, você acaba levando isso a um impacto direto no patrimônio edificado, nas construções”, conclui o pesquisador.
Salinização da água ameaça abastecimento
Há pelo menos uma década, Icapuí vem sofrendo com um problema que pode afetar o abastecimento de água do município: cerca de 90% dos poços aquíferos estão salinizados, isto é, com nível de sal muito acima do considerado saudável para uso.
“Em 2017, quando assumimos o sistema de abastecimento de água de Icapuí, já identificamos que as águas de mais 90% dos poços já apresentavam índices de salinidades, sobretudo de cloreto, acima do que é recomendado pelo Ministério da Saúde”, explica Marcelo Varandas, diretor do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), responsável pelo abastecimento da cidade.
Conforme Marcelo, o SAAE faz um monitoramento mensal nos poços usados para abastecer a cidade. Icapuí não tem nenhum rio ou açude de grande ou médio porte que possa ser usado para abastecer a população. Em consequência disso, todo o abastecimento da cidade depende dos poços subterrâneos.
De acordo com Marcelo, a salinização tem alguns motivos, entre eles, a exaustão dos aquíferos pelo aumento do consumo da água, a redução do nível de chuvas na região e o avanço do mar sobre o continente.
“Os poços do sistema central estão relativamente próximos à faixa de praia, e é uma região baixa, sujeita à maré’, explica Marcelo Varandas. “A água do mar passa a adentrar no continente contaminando as águas do aquífero”.
A água extraída dos poços, mesmo após o tratamento realizado pela SAAE, não é potável para seres humanos, podendo trazer problemas de saúde para quem tem hipertensão e pedras nos rins pelos altos níveis de cálcio.
Segundo o diretor do SAAE, a obra do espigão pode atenuar o cenário da salinização, mas é preciso “um estudo aprofundado para saber se o espigão vai ajudar na redução da salinização da água”.
Para Marcelo, uma alternativa viável seria a construção de uma usina de dessalinização de água do mar em Icapuí. “A partir do momento que o município tenha uma alternativa viável de dessalinização, a gente passa a reduzir a exploração dos poços”, afirma.
Conforme o gestor, a proposta está sendo estudada pelo SAAE para ser apresentada à prefeitura.
Município já gastou milhões em obras de contenção
No dia 17 de janeiro, o prefeito de Icapuí, Lacerda Filho, anunciou a construção de espigões na Praia da Peroba. A obra, segundo o gestor, seria capaz de resolver o problema do avanço do mar no local em um mês.
Lacerda é prefeito de Icapuí desde 2017. Algumas das obras mais recentes foram tocadas já pela sua gestão.
Conforme a prefeitura, o governo municipal já possui R$ 4 milhões em caixa e deve receber mais R$ 7 milhões do governo federal para realizar a obra do espigão. Os espigões funcionam como uma barreira que intercepta e retém os sedimentos que seriam arrastados pela água do mar e pelas marés, além de servir como quebra-ondas.
A construção dos espigões na Praia da Peroba é mais uma obra da série de intervenções que a prefeitura foi obrigada a realizar nos últimos anos para amenizar os estragos do avanço do mar nas praias do município.
Ainda em 2009, a gestão afirmou que queria construir um bagwall – uma espécie de muro de pedras alinhado à área costeira – nas praias de Barreiras de Cima e Barreiras da Sereia, onde o mar já avançava bastante.
Em Icapuí, algumas praias receberam rochas de contenção devido ao avanço do nível do mar — Foto: Rafael Almeida/TV Verdes Mares
A obra só começou em setembro de 2011. Um ano depois, apenas 200 metros do muro haviam sido levantados. Em 2015, foi a vez de Barreiras da Sereia receber obras para a contenção do mar. Em 2020, uma nova obra de contenção começou entre as praias de Barrinha e Barreiras de Cima e na Praia da Redonda.
Até o momento, conforme o prefeito Lacerda Filho, foram gastos R$ 25 milhões em obras de contenção no município. Se os R$ 11 milhões prometidos forem integralmente aplicados na construção de espigões, Icapuí vai ter gastado cerca de R$ 36 milhões em cerca de 13 anos para combater o problema da erosão costeira.
A situação do município não é única no estado. Conforme o Panorama da Erosão Costeira do Brasil, publicação de 2018 do Ministério do Meio Ambiente que analisou a costa dos estados litorâneos, naquela época o Ceará tinha 30% dos seus 573 quilômetros de litoral com problemas com erosão.
A mesma pesquisa apontou que outros 17% da costa cearense já possuíam tendência erosiva, ou seja, seis anos atrás quase metade do litoral do Ceará possuía ou estava a caminho de ter problemas com erosão.
Na época da obra do estudo do Ministério do Meio Ambiente, foram mapeadas pelo menos 109 obras de contenção do mar concluídas ou em andamento no litoral cearense. Existem casos famosos de praias arruinadas no Ceará por conta da erosão costeira, como é o caso da praia do Icaraí, em Caucaia.
O local chegou a ser um dos destinos mais procurados do estado e, hoje, sofre com imóveis abandonados e pouca procura. A prefeitura de Caucaia já anunciou dois programas milionários de revitalização da orla, incluindo a construção de espigões em formato de S.
No caso da Praia da Peroba em Icapuí, que deve receber os espigões, foi necessário haver uma negociação entre moradores, proprietários de imóveis e a prefeitura. Em 2019, a prefeitura havia proposto a construção de um bagwall no local, mas parte dos moradores foi contrária devido aos problemas que o paredão de pedra teria causado em outras praias onde foi instalado.
Ressaca do mar na Praia da Peroba, em Icapuí, atinge estrutura de rua. — Foto: Arquivo pessoal
A Associação de Moradores da Peroba e a Associação Preserve Peroba discordavam entre si sobre qual a melhor solução para a praia, mas as duas entraram na justiça, em momentos e por motivos diferentes, para impedir a obra da prefeitura.
A administração municipal chegou a lançar um edital de licitação para construção do “paredão de pedra” em 2023, mas processo foi cancelado por determinação da justiça, que propôs que um perito emitisse um laudo para as melhores opções de obra de contenção no local.
Por fim, a obra apontada como a mais adequada para preservar o local e respeitar as considerações de moradores e proprietários foi o espigão. O geólogo Luis Parente, atualmente na Secretaria Estadual de Infraestrutura, foi um dos responsáveis pela construção dos espigões em Fortaleza. Ele defende a estrutura como solução para o problema de erosão na Praia da Peroba, em Icapuí.
“Fazendo um espigão como o de Fortaleza, você tem o crescimento da parte turística, você tem o abrigo da potencialidade da exploração do mar pelos pescadores, a proteção das casas e toda a recuperação desse litoral aqui. Cada solução tem um custo-benefício. Enrocamento [bagwall] tem um custo menor e um benefício menor. Espigão é um custo maior, mas você beneficia uma maior quantidade de pessoas”, afirma.
Já o geógrafo Eduardo Lacerda Barros destaca que o espigão, embora ajude o local em que foi instalado, tende a transferir o problema para regiões vizinhas.
“Um lado do espigão acumula areia. Isso acaba favorecendo o local que tem um espigão porque você ‘cria uma nova praia’, digamos assim, porque ele barra o transporte de areia no sentido da corrente, só que logo ao lado, do outro lado desse espigão, vai faltar areia. E a consequência disso é justamente a erosão logo ao lado. Então surge a necessidade de colocar um espigão, outro espigão, depois um outro espigão. Ele vai acumulando sempre de um lado e falta de um outro”, explica.
Moradores temem que obras de contenção descaracterize praias de Icapuí — Foto: Melquíades Júnior/SVM
Ainda não há detalhes de quantos espigões serão construídos, qual o prazo e a qual custo. O g1 questinou a Prefeitura de Icapuí a respeito destas informações, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
O prefeito Lacerda Filho, no entanto, já garantiu que pretende replicar o modelo em outras praias do município para solucionar o problema do avanço do mar e da erosão costeira.
Fonte: g1