
Miguel Lucena
Cientistas encontraram na Tailândia uma aranha rara, meio macho, meio fêmea. Metade do corpo exibe traços masculinos, a outra, femininos.
Enquanto os estudiosos a chamam de “ginandromorfa”, eu prefiro “aranha trans”. Ela não reivindica direitos, não milita, apenas vive sua natureza híbrida, tecendo a própria teia sem precisar de rótulos.
Nós, humanos, ainda discutimos o que ela já resolveu: que a vida é mistura, não fronteira. A aranha trans ensina, em seu silêncio, que o equilíbrio não está em escolher um lado, mas em aceitar-se inteiro — mesmo dividido.