O ministro saudita das Relações Exteriores, o príncipe Saud al-Fayçal, afirmou nesta terça-feira (13) que seu país está pronto para “negociar” com o vizinho Irã para melhorar as relações entre Riad e Teerã.
“Irã é um vizinho com o qual nós temos relações, e com quem nós iremos negociar”, declarou à imprensa o príncipe Saud, informando que um convite foi enviado a seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif, para visitar Riad.
A Arábia Saudita, potência regional sunita, tem ignorado até o momento os apelos por diálogo de seu vizinho xiita.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, um moderado, tem enviado “mensagens de fraternidade” aos países árabes do Golfo desde sua posse, em agosto do ano passado.
Em dezembro, Zarif lançou uma ofensiva para tentar se aproximar dos vizinhos árabes doIrã durante uma viagem a quatro países da região. Ele não chegou a visitar a Arábia Saudita, por falta de convite.
O príncipe Saud modificou seu discurso, embora seu país se oponha à política iraniana para o Oriente Médio, principalmente ao apoio do governo de Teerã ao regime da Síria na guerra civil que assola esse país há mais de três anos.
“Vamos falar com eles (os iranianos) e esperamos que as diferenças, se elas existirem, sejam resolvidas de forma satisfatória para ambos os países”, disse.
“Nossa esperança é que o Irã se junte aos esforços para tornar a região mais segura e mais próspera, e não seja um elemento de insegurança nesta região”, acrescentou o príncipe Saud.
Essa declaração coincide com uma visita à Arábia Saudita do secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, que se reunirá com representantes do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG, formado por Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar e Kuwait) na quarta-feira.
A maioria desses países está preocupada com as consequências do acordo provisório concluído em novembro entre o Irã e as grandes potências, que prevê o congelamento do programa nuclear iraniano em troca de uma redução das sanções contra o país.
Durante uma visita a Riad no final de março, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, procurou eliminar os receios do rei Abdullah da Arábia Saudita em relação à política americana para a Síria e o Irã, garantindo que os interesses estratégicos de seus países permanecem ‘alinhados’.
A desconfiança entre os países árabes do Golfo e o Irã, desde o advento da República Islâmica em 1979, aumentou com o conflito na Síria, onde o Irã apoia o regime de Damasco, que enfrenta uma rebelião apoiada por monarquias sunitas do CCG.