sábado, 07/06/25

HomeDestaqueApós reclamação de moradores, bloco Suvaco da Asa muda para Funarte

Após reclamação de moradores, bloco Suvaco da Asa muda para Funarte

No aniversário de uma década do tradicional bloco de rua Suvaco da Asa, o auê começou cedo. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) acatou pedido de moradores do Sudoeste, que foram à ouvidoria do órgão reclamar da “desordem” no bairro durante o desfile da agremiação, e, após uma reunião com as administrações regionais do Cruzeiro e do Sudoeste, chegou a um acordo sobre a necessidade de mudança de local do evento. A festa, que sempre ocorreu entre o Cruzeiro Velho e o Sudoeste Econômico, ganhou outro endereço. Este ano, se concentrará no Eixo Monumental, em frente à Funarte. A alteração, porém, dividiu os foliões.

Nas redes sociais, um grupo de insatifeitos criou um evento para o mesmo dia do bloco: O Suvaco é aqui.! Francisco Sousa, o Neném, convoca os brasilienses a protestarem, no próximo dia 23, pacificamente, contra a mudança do local. Até o fechamento desta edição, mais de 15 mil pessoas se disseram interessadas em participar. Neném é morador do Cruzeiro há 44 anos e descobriu, há poucos dias, sobre a mudança de local do desfile. “Vai mudar a característica do bloco. Não concordamos com a sugestão dos organizadores de irem para a Funarte sem consultar a população. Por isso, vamos sair no mesmo dia, em forma de protesto a essa decisão arbitrária.”

A procuradora de Justiça Maria Rosynete de Oliveira Lima, da Procuradoria Distrital dos Direitos do Cidadão, afirma que a sugestão de local não partiu do Ministério Público. “Questionamos o alvará que eles tinham para a realização do evento, que era de 20 mil pessoas. Como o número quadruplicou no ano passado, foi preciso intervir para a segurança da população e dos foliões. Em reunião com diretoria do Suvaco da Asa, eles mesmos se anteciparam e nos avisaram que o desfile será na Funarte. Não temos como intervir na escolha do local.” Para explicar os detalhes de todo o processo de negociação à população, o MPDFT realizará uma reunião aberta, às 14h da próxima segunda-feira, na sede do órgão.

Segundo Pedro Moreira, diretor e um dos organizadores do Suvaco da Asa, não há mais estrutura para o público, que chegou a 80 mil pessoas na última edição, entre o Cruzeiro e o Sudoeste. “É um momento triste. Entendemos as pessoas que insistem para que fiquemos no Cruzeiro. Mas a verdade é que, nos últimos anos, o bloco cresceu muito. Percebemos os transtornos à população. Para fazermos o desfile, também ficou complicado, não conseguíamos, por exemplo, passar com a orquestra por conta da quantidade de carro”, contou Moreira. Para a presidente do Conselho Comunitário do Sudoeste, Christiane Tabosa, 61 anos, era hora de o bloco ir para ouro lugar. “Não dá para ser em uma área residencial. As pessoas sujam muito, mesmo com os banheiros oferecidos. Sou totalmente a favor da mudança. Aqui não é um local público, e sim uma área particular.”

Manifestação

Mas nem todo mundo pensa igual. O arquiteto, doutor em sociologia urbana e professor da Universidade de Brasília Benny Schvarsberg vê os blocos de rua em Brasília com bons olhos. “O Cruzeiro tem a tradição de uma comunidade formada basicamente de moradores originários do Rio de Janeiro. Na cidade, há boas praças, que proporcionam um ambiente de convivência coletiva e familiar. Vejo com tristeza os foliões serem restritos de se manifestarem em seu próprio bairro”, justifica.

Schvarsberg relembrou também os anos em que a capital ficou sem praticamente ter carnaval. Para ele, é lastimável que, quando a cidade está retornando com a tradicional festa, que tem como base principal o aproveitamento do espaço público, tenha que se depara com problemas que poderiam ser resolvidos de outra forma. “Brasília, em toda a sua modernidade, está muito atrasada em relação às demais cidades do Brasil. É necessário se ter um código de posturas que determine o local, o horário e como seria feito todo o esquema de segurança para eventos como esse. Essas regras seriam válidas para outras manifestações culturais. É preciso que a população obedeça às regras criadas, mas que tenha uma condição básica para poder aproveitar o feriado, que é uma tradição no país.”

Exemplo no Rio

Esta não será a primeira vez que um bloco de carnaval muda de local por causa da falta de estrutura. O famoso bloco do Rio de Janeiro Sargento Pimenta se apresentou pela primeira vez em 2011 no bairro de Botafogo e, após reunir milhares de pessoas em uma rua estreita, a ponto de causar confusão, ele foi remanejado, no ano seguinte, para o Aterro do Flamengo, onde a estrutura é melhor. Os foliões, a cada carnaval, só aumentam.

Programe-se

Desfile Especial
do Suvaco da Asa

10 Anos de Suvaco

Em 23 de janeiro, sábado

A festa começa às 10h,
com a folia da criançada,
o Suvaquinho

No Eixo Monumental,
próximo à Funarte

VEJA TAMBÉM

Comentar

Please enter your comment!
Please enter your name here

RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Este campo é necessário

VEJA TAMBÉM