Após debandada na chefia da Receita, presidente negou ter definido categoria que receberá aumento, mas defendeu atuação das polícias no país
Sob ameaça de greve de servidores após o aumento concedido para policiais no Orçamento, o presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nesta quinta-feira (23) ter especificado a categoria que será contemplada com os recursos e disse que todos merecem aumento, mas defendeu a atuação das polícias no país.
Bolsonaro fez as declarações em sua live semanal, após retornar de uma viagem ao Guarujá (SP). A manifestação ocorre dois dias após o Congresso aprovar o Orçamento para 2022 com previsão de R$ 1,7 bilhão para reajuste a policiais.
O presidente abordou o tema durante participação do deputado federal Vitor Hugo (PSL-GO), nome que tenta emplacar para o governo de Goiás nas eleições do próximo ano.
Vitor Hugo comentava a decisão do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), de aderir ao regime de recuperação fiscal e de destinar recursos para a realização de concursos públicos e para conceder aumentos a categorias quando foi interrompido por Bolsonaro.
“Ele especificou alguém para o aumento?”, perguntou o presidente, recebendo como resposta uma negativa do deputado.
“Olha, o governo federal também não especificou categoria nenhuma”, disse, sobre o valor destinado ao reajuste a servidores.
“Já digo, não tem nada definido”, ressaltou. Na sequência, Bolsonaro passou a defender a atuação das polícias. “Mas está aqui, Polícia Rodoviária Federal. Tem batido recorde de apreensão de drogas”, disse. “Também a polícia penal nossa tem um trabalho enorme, e tem seu salário que está lá embaixo.”
Apesar de elogiar a categoria, Bolsonaro não confirmou que os policiais serão os beneficiados pelos recursos. “Não quer dizer que vamos atender essa ou aquela categoria. Estão reservados R$ 2 bilhões, vamos ver o que vai ser feito lá na frente.”
O presidente manifestou a intenção de dar aumento para todos os servidores e disse estar conversando com a equipe econômica. “Dá para fazer? Dá para fazer. Sabemos das dificuldades, inflação está alta, 10%. Mas a gente vê o que pode fazer, dentro da responsabilidade.
“Todos merecem? Todos merecem”, continuou. “Se a gente for dar um [aumento] linear para todo mundo, vai dar 0,6% de reajuste para todo mundo, desses R$ 2 bilhões. Agora, se houver oportunidade, [a gente] conversa sobre isso. A gente não quer cometer excessos, injustiça para mais nem para menos.”
O presidente concluiu dizendo que todos os servidores são importantes. “É uma categoria realmente que em grande parte ou quase todos levam o Brasil ao seu destino em suas políticas.”
Nesta quinta, os auditores da Receita Federal decidiram paralisar as suas atividades e entregar todos os cargos de chefia, em protesto contra a aprovação do Orçamento de 2022.
A decisão da assembleia prevê a manutenção dessas ações até o momento em que o governo publique decreto de regulamentação dos bônus de eficiência, principal demanda da categoria.
A movimentação dos auditores fiscais teve início na terça-feira (21), dia em que o Congresso aprovou o Orçamento de 2022. Deputados e senadores atenderam o pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL), que quis contemplar com aumento de salário os policiais, sua base política, em ano eleitoral.
O aumento aos policiais foi um pedido do próprio presidente Bolsonaro. Apenas PF, PRF (Polícia Rodoviária Federal) e Depen (Departamento Penitenciário Nacional), além de agentes comunitários de saúde, obtiveram previsão de reajuste dentro do funcionalismo.
Em outra frente, servidores federais insatisfeitos com a previsão de reajuste salarial apenas para policiais em 2022 ameaçam deflagrar uma greve tão grande quanto as promovidas em 2012 durante o governo Dilma Rousseff (PT).
Agenda Capital/Com informações da Folha*