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O isolamento horizontal, remédio que está sendo utilizado para combater o vírus, embora extremamente necessário, não conseguirá derrotar o inimigo invisível, mas apenas postergar a contaminação e ganhar tempo para que a ciência consiga achar um medicamento eficaz de cura e também uma vacina para evitar a contaminação maciça da população.
Por Janguiê Diniz* (texto adaptável)
Estamos passando pela maior crise que a humanidade experimentou nos últimos 100 anos. Uma crise mais devastadora que uma Guerra Mundial, somente idealizada e preconizada em filmes de suspense e de terror. Uma guerra na qual o inimigo não é um país, mas um inimigo invisível, um vírus, que a comunidade científica chama de coronavírus e que uma parcela da sociedade, erroneamente, tem chamado de “peste chinesa” em face do primeiro caso ter ocorrido naquele país.
Este inimigo oculto já está impactando negativamente bilhões de pessoas em todo o planeta, infectando todas as nações do mundo, causando um dos maiores problemas de saúde pública da humanidade e, por via de consequência, incrementando a maior recessão de todos os blocos econômicos dos últimos 100 anos, capaz de levar à bancarrota centenas de milhares de empresas e dezenas de nações, caso não seja eficazmente combatido através de medidas preventivas, vacinas, medicamentos, ações e políticas públicas eficazes.
É importante registrar, inicialmente, que a Covid-19, como é cientificamente chamada a doença provocada pelo novo coronavírus, e que o numeral 19 se refere ao ano da sua descoberta, embora não possua uma taxa de letalidade comparada à de inimigos similares de outrora, como a gripe espanhola, é detentora de uma substanciosa capacidade de multiplicação e de uma imensa velocidade de contaminação, extremamente superior à de inimigos pretéritos conhecidos pela humanidade.
Ela está atingindo, principalmente, mas não exclusivamente, a população mais idosa, considerada grupo de risco, aquela superior a 60 anos, e os possuidores de comorbidades e de graves doenças como diabetes, hipertensão, doença cardiovascular, câncer, doenças respiratórias, dentre outras, fazendo com que as nações mais poderosas do mundo, como os Estados Unidos, a França, a Inglaterra, a Alemanha, o Japão, etc., se curvem à sua nocividade e implementem uma paralisação quase que integral de suas atividades, salvo atividades essenciais, o chamado lockdown ou shutdown horizontal, causando uma assustadora crise econômica das mais nefastas para eles e para toda a humanidade.
Pesquisando sobre doenças infecciosas, encontramos na revista Exame de fevereiro de 2020, texto no qual se afirma que, no ano de 2018, a tuberculose matou 1,5 milhão de pessoas no mundo; a hepatite B e C, 1,34 milhão; o HIV, 770 mil por complicações da doença; a gripe ou influenza, 650 mil no mundo; a malária, 405 mil; a meningite, 170 mil; a cólera, 143 mil; a raiva, 59 mil; a febre amarela, 30 mil; a dengue, 25 mil, totalizando no mundo 51 milhões de mortes durante a década. Nenhuma dessas doenças, no entanto, incutiu tanto terror às pessoas e às nações, a ponto de fazê-las paralisar integralmente todas as suas atividades e impor toque de isolamento de quase toda a população em suas casas, por um período indefinido de quarentena.
A paralisação horizontal implementada pela maioria dos países, inclusive o Brasil, está sendo realizada com alguns objetivos principais, dentre eles: salvar tantas vidas quanto for possível; garantir que o sistema de saúde, especialmente os leitos de UTIs, não entre em colapso por conta da grande quantidade de internações simultâneas. Todos abraçaram a tese de que é necessário a qualquer custo, achatar a curva da contaminação, para evitar a superlotação e a superação da capacidade do sistema de saúde das cidades, dos estados e do país.
Entretanto, o isolamento horizontal, remédio que está sendo utilizado para combater o vírus, embora extremamente necessário, não conseguirá derrotar o inimigo invisível, mas apenas postergar a contaminação e ganhar tempo para que a ciência consiga achar um medicamento eficaz de cura e também uma vacina para evitar a contaminação maciça da população.
No entanto, se esse remédio, a quarentena com a paralisação dos negócios, for utilizado por muito tempo, o efeito colateral dele poderá causar muito mais mortes que o próprio vírus, só que mortes invisíveis, causadas por outro vírus, o vírus da miséria e da fome, pois implementará o caos econômico acarretando danos irreversíveis ao país e à sua população, já que levará à falência incontáveis empresas, milhões de profissionais liberais e trabalhadores informais, e será extremamente “devastador,” talvez muito pior que a própria patologia.
Nesse sentido, é particularmente triste reiterar que a implementação do isolamento geral da população por muito tempo, com o intuito de combater a pandemia no Brasil e no mundo, poderá matar muito mais gente que o próprio coronavírus.
A grande diferença é que serão “mortes invisíveis”, pois instalará uma grave crise econômica irreversível, colocando o país (vamos restringir a análise apenas ao Brasil) numa situação de extrema pobreza. É que, diferentemente de algumas nações ricas, que também estão sofrendo com a doença, como os Estados Unidos, a França, a Itália, a Espanha e a Alemanha etc., apenas 6% da população brasileira possui poupança.
O tempo médio de caixa das empresas brasileiras pequenas e médias é de quinze dias. Os trabalhadores informais, os profissionais liberais e os próprios trabalhadores celetistas trabalham um mês para viver o seguinte. A renda média da família brasileira é de cerca de 400 dólares (enquanto, na Europa, é de 2 mil dólares) e 80% dos postos de trabalho brasileiros são formados pelos pequenos e médios empreendedores, ou seja, cerca de 35 milhões de empreendedores informais, que jamais podem parar as suas atividades por um tempo superior a uma semana.
Ademais, a paralisação integral das atividades por muito tempo, acarretará, consequentemente, uma avalanche de desemprego que superará a casa dos 30% de desempregados, ou mais de 40 milhões, a tal ponto de o fundador da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, defender a criação de um Plano Marshall (pacote de reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial), para tentar salvar o Brasil e também alguns países do mundo. É que, se persistir a paralisação integral da atividade produtiva por muito tempo, os estragos na economia real serão extremamente profundos, com possibilidade de gerar um caos social no país, no qual as pessoas começarão a passar fome, o índice de violência recrudescerá, haverá uma ampliação do número de assaltos e latrocínios, saques em supermercados, aumento do número de assassinatos etc.
É importantíssimo lembrar que, para uma família de classe alta ou até média, que vive em grandes moradias, já é difícil viver em isolamento geral por um longo período, imagine a grande maioria dos brasileiros que pertence às classes C, D e E que mora em pequenas casas, apartamentos e barracos em bairros populares e favelas – realizá-lo torna-se quase que impossível. Outrossim, milhões de brasileiros, para sobreviver, dependem do dinheiro que ganham durante a semana de trabalho, e não conseguirão sobreviver sem trabalhar por muito tempo a não ser que o Governo Federal banque as suas despesas.
Não podemos deixar de pontuar, que as Medidas Provisórias (927/20 e 936/20) editadas pelo Governo Federal para tentar impedir as rescisões dos contratos de trabalho em massa, elas associadas ao “coronavoucher” de R$ 600,00, dão, sem sombra de dúvidas, uma sobrevida ao mercado como um todo, porém, tais medidas e dinheiro utilizado são finitos, um dia acabam. Nesse contexto, os R$ 600 reais mensais que o Governo Federal está repassando para os milhões de desempregados e trabalhadores brasileiros, aliviarão bastante o problema da fome, mas não resolverão o grave problema, caso a pandemia persista e o isolamento integral tenha que perdurar por muito tempo.
Ampliando o quadro de análise, é muito triste trazer à baila que, segundo especialistas, a mortalidade da Covid-19 em adultos com mais de 60 anos é alta, por outro lado, é particularmente otimista consignar que, nas crianças e jovens ela é muito pequena, muito menor do que a gripe comum ou H1N1.
Nesse sentido, é extremamente importante acalmar a população e diminuir o pânico, através de esclarecimentos, informando que grande maioria dos casos de infecção acarreta apenas sintomas leves, não havendo necessidade de uma corrida aos hospitais.
Entretanto, o grande problema é a velocidade de contaminação do vírus, que pode acarretar um grande número de doentes graves dependentes de respiradores e leitos de UTIs, impulsionando o sistema de saúde brasileiro e mundial a um colapso, como já está acontecendo em cidades da Itália, da Espanha, da França e até dos Estados Unidos, como Nova York. Problema este que, a médio prazo pode ter solução se esforços hercúleos forem envidados pelos governos, especialmente os federais.
Uma das soluções consistiria em contratar, urgentemente, grande quantidade de profissionais de saúde, que se encontram desempregados, ou trabalhando informalmente, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos e dentistas, que possuem conhecimentos básicos de saúde e podem colaborar, para fazer parte de um grande mutirão de combate à Covid-19.
Ademais, para vencer esta guerra, mister se faz aumentar a quantidade de equipamentos de proteção e recuperação nas unidades de saúde, especialmente os essenciais respiradores, bem como aumentar substancialmente os leitos hospitalares, especialmente de UTIs, que posteriormente poderão ser desativados, como já foi feito, outrora, em outras crises epidemiológicas.
A título de ilustração, interessante analisar as estatísticas de mortes ocorridas na Itália, apresentadas pelo Ministério da Saúde daquele país. Na Itália, em sua grande maioria, as mortes por infecção de coronavírus ocorreram em pessoas idosas, com idade média de 79.5 anos para homens e 83.7 anos para mulheres, sendo que 70% delas foram de pessoas do sexo masculino. Ademais, a maioria das vítimas, em média, tinham 2,7 outras doenças graves antes de contrair o vírus: 48,5% tinham três ou mais doenças como câncer, doenças cardíacas e hemorragia cerebral.
Com efeito, importante asseverar que neste texto, não tenho a pretensão de apontar soluções terapêuticas para combater o vírus, nem tampouco a de defender quaisquer tipos de distanciamento social como forma de controle da epidemia, seja isolamento horizontal ou vertical, já que não sou médico nem epidemiologista. Mas, como estudioso, empreendedor e curioso, fazer, embora que de forma perfunctória e em apertada síntese, algumas reflexões sobre uma das maiores crises epidemiológica mundiais, que está causando o maior caos econômico que o mundo já viveu, e, tentar mostrar, na minha modesta luz, algumas causas e soluções que poderão ser implementadas pelos poderes públicos mundiais para controlar a pandemia e diminuir o colapso econômico global.
Outrossim, em breve teremos remédios eficientes e eficazes para curar a doença e, se Deus quiser e a ciência, uma vacina para imunizar toda a população mundial. Sobre medicamentos, convém assinalar que pesquisadores fizeram uma pesquisa com um número restrito de pacientes, todos infectados pela Covid-19 e com sintomas. Parte deles foi tratada com hidroxicloroquina, o remédio da malária. Outros, a grande maioria, foi tratada com hidroxicloroquina e azitoromicina, e os demais não tiveram a utilização desses medicamentos.
Para finalizar, cumpre trazer à baila uma pergunta que muitos estão fazendo ao redor do mundo: como será o “day after”, o dia seguinte a descoberta da cura da Covid-19? Como será o pós-guerra?
Eu gostaria de despertar esse questionamento em todos, em cada indivíduo do planeta, que possua um mínimo traço empreendedor em seu DNA, para que todo esse sofrimento, perdas de entes queridos, de inocentes, dos profissionais de saúde, e, inclusive, de seus empreendimentos, possa valer à pena. É que nada nesse mundo acontece por acaso.
Segundo Winston Churchill, “Todas as grandes coisas são simples. E muitas podem ser expressadas nas palavras: liberdade; justiça; honra; dever; piedade; esperança.” É nessa linha que eu vejo o novo mundo pós-guerra. Percebo que não sairemos ilesos de tudo isso, e os que sobreviverem jamais serão os mesmos. Pelo menos não nesta geração. Porque a cicatriz deixada pela “Covid-19” estará sempre presente no coração de todos, não importando classe social, cor, raça, credo, convicções políticas etc.
As pessoas darão mais valor às coisas simples, aos valores morais, à ética. Serão mais misericordiosas, as doações mais continuadas, os abraços serão mais sinceros, as disputas mais construtivas e teremos menos ameaça de guerra. Quem duvida que tudo isso não veio para impedir uma guerra nuclear com proporção para destruir todo o planeta?
Vejo um mundo melhor, mais unido, tolerante e misericordioso e isso vai, sim, repercutir nos negócios entre os povos – interna e externamente. As regras de compliance sairão do papel em muitas empresas nos quatro cantos do mundo, porque o ser humano foi despertado para a vida e para a simples constatação de que todos estamos no mesmo barco, ao ponto de um ser humano nascido na China transferir um vírus para um ser humano nascido na Amazônia, estando ambos nos seus respectivos “habitats”.
O maléfico coronavírus fez a humanidade despertar para esta interconexão pessoal e acordar para uma ramificação coletiva que supera fronteiras, ideologias, oceanos, geleiras, montanhas, que teve o poder de pôr todos os mercados em “pausa”, ao ponto de colocar a humanidade em “stand-by”.
Ora, o “day after” será positivo sim, teremos empreendedores mais resilientes, antifrágeis, éticos, criativos, inventivos, inovadores, solidários, tolerantes, conscientes que temos uma corrente do bem já construída, que infelizmente nos foi despertada por um vírus destruidor de tantas vidas e sonhos, mas o caminho é o mesmo, da mesma forma que se transmitiu o vírus entre povos tão diferentes, há a possibilidade concreta de se transmitir a bondade, a fraternidade e o amor.
Veio para mostrar que o planeta Terra não será o mesmo após esta pandemia, em todos os setores, e que “nós” é realmente uma mensagem que precisa estar não só na boca do ser humano, mas dentro de todos os nossos corações.
Veio para mostrar que somos seres humanos, mas, seres altamente resilientes e superadores de adversidades.
Tenhamos fé em Deus para suportar todas as agruras e adversidades que estão por vir, pois fé é a “matéria-prima”, que dá um sentido sublime às nossas vidas e “com fé nada é impossível”. É que o ser humano nasceu para ser um superador de adversidades. É o “selo indelével de Deus”. Existe nele uma “força divina”, uma “vida divina”, uma “centelha divina”, enfim, uma “divindade” que consiste numa “força celestial eterna” que o “potencializa” e o “capacita” diuturnamente para superar todas as dificuldades, adversidades e obstáculos que surgem.
É preciso que a humanidade, por meio de seus governos, cientistas, pesquisadores, políticos, empresários, profissionais liberais e qualquer do povo aprendam, urgentemente, a conviver com este inimigo invisível, a combatê-lo e a controlá-lo, como ocorreu com os vírus da gripe e de tantas outras doenças.
Tenhamos confiança em nossos profissionais de saúde para cuidarem de nossos doentes. Em nossos cientistas, para descobrirem vacinas e medicamentos para a cura. Em nossos governantes, para que, com seriedade, serenidade, determinação, disciplina, dedicação, sabedoria, coragem e iluminação divina, possam tomar as melhores decisões.Com fé nos governantes, nos cientistas, em nós próprios, em nossas atitudes e, sobretudo, em Deus, vamos vencer o inimigo muito mais rápido do que imaginamos, afinal, vai passar!
*Janguiê Diniz é fundador e presidente do conselho de administração do Grupo Ser Educacional e presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo (via portal administradores.com.br). Texto Adaptável – Delmo Menezes – Agenda Capital