Condições climáticas podem causar cansaço, mudanças no humor e aumento da ansiedade, diz especialista. Brasília enfrenta incêndios florestais e não chove há 149 dias; é a segunda pior estiagem da história da capital federal.
Fumaça do incêndio no Parque Nacional se espalha por Brasília e algumas pessoas usam máscaras — Foto: Reprodução/TV Globo
Por Zaia Angelo, g1 DF
Nesta quinta-feira (19), o DF completa 149 dias sem chuva – é a segunda pior seca da história, em 1963 a estiagem durou 163 dias. A terça (17) foi o dia mais quente do ano, 35,3°C, e no dia 3 de setembro a umidade do ar caiu a 7%, quando o mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é 60%.
Nas últimas semanas, Brasília também foi tomada por uma “cortina de fumaça” que fez muitas pessoas voltarem a usar máscaras de proteção. A Floresta Nacional e o Parque Nacional são apenas dois dos locais atingidos pelo fogo.
As consequências disso, além do meio ambiente, afetam a saúde física e mental das pessoas, diz a psicóloga Juliana Gebrim.
“As altas temperaturas realmente podem mexer com o nosso psicológico. Esse desconforto pode impactar o humor, a paciência e a concentração, além de atrapalhar o sono, que é tão importante para o bem-estar emocional”, explica a psicóloga.
👉 O termo para essa condição causada pelo clima é ansiedade climática, que também pode gerar desânimo, irritação e cansaço.
👉 De acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA), ansiedade climática é o “medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto das mudanças climáticas gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras”.
A psicóloga Juliana Gebrim reforça que é natural termos sentimentos mais depressivos e desmotivados em épocas de altas temperaturas, já que o físico e a mente trabalham para se adaptar ao calor e ao tempo seco.
“Validar esses sentimentos e encontrar maneiras de lidar com eles, como nos dar um tempo e ajustar as nossas expectativas, pode fazer uma grande diferença”, diz Juliana Gebrim.
A psiquiatra Silvia Marchant Gomes, da diretoria da Associação Psiquiátrica de Brasília, explica que o mal estar com o calor “pode diminuir o limiar de nosso controle de emoções”. A orientação é “nos mantermos calmos”.
“É muito importante ter em mente que isso é um evento sazonal, que passa. Tudo tem seu momento e, quanto mais estivermos preparados e treinados para viver esse momento difícil, mais exitosos seremos”, diz a psiquiatra.
Dicas para evitar o estresse 🥵
Incêndio no Parque Nacional de Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução
Como a tendência, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é que só chova no DF a partir de 25 de setembro, especialistas apontam que é preciso atenção para não “fritar a cabeça” e deixar a ansiedade dominar a mente. Veja as dicas da psicóloga Juliana Gebrim:
- 🍶 Beber muita água
- 🏠 Procurar lugares mais frescos e ajustar as rotinas para horários menos quentes
- 🧘♀️ Fazer atividades como meditação e respiração profunda
- 🚿Tomar um banho refrescante pode aliviar o desconforto
- 🎨 Ter um hobbie para manter a mente ativa e positiva
Para lidar com a fumaça presente no ar, a psiquiatra Silvia Marchant Gomes sugerefazer respirações pausadas e exercícios respiratórios.
“Independentemente da qualidade do ar, devemos controlar a qualidade da nossa respiração. Respirar profunda e pausadamente, permitir que o ar chegue aos pulmões para a troca de gases”, ensina Silvia.
Nadar para lidar com a ansiedade 🏊🏻♀️
Fabiano Terra junto a piscina onde nada e dá aulas, no Distrito Federal — Foto: Arquivo pessoal
O treinador e professor de natação Fabiano Terra sempre foi apaixonado pelas atividades na água. Durante o período de seca em Brasília, ele conta que se sente desmotivado e irritado, mas diz que a natação o ajuda a recuperar o foco nas atividades e controlar a ansiedade.
“A natação propicia a melhoria das condições gerais de saúde e estabilização dos níveis glicêmicos e de pressão arterial”, diz o professor.