Maria José Rocha lima*
Anne Cristina Nogueira, uma jovem e emergente liderança, já orgulha a muitos baianos, especialmente funcionários públicos, filiados à Associação Classista de Educação e Esporte – ACEB-, que frequentam os seus cursos de qualificação, pessoas que acompanham o seu trabalho assistencial, nesses tempos de pandemia, suas ações culturais, como o projeto Salvaguarda da Capoeira da Bahia, ações de preservação ambiental e de empreendedorismo, movimentando a entidade.
Anne, a quem considero sobrinha, é filha de Marinalva Nunes, ex- colega no curso de Biologia da UFBa e vice –presidente da APLB, quando fui presidente. Ela cresceu em meio a um turbilhão de atividades, reuniões, congressos, greves, eleições, marchas em defesa da escola pública, enfim, lutas de todos os tipos. Estava sempre com a mãe e conosco, nos intervalos das suas aulas, nos fins de semanas, nas férias, dias santos, acompanhando as experiências da Associação dos Professores Licenciados da Bahia – APLB.
Ela viveu com a gente muitas emoções positivas, como as alegrias que estavam diretamente associadas ao prazer e à felicidade quando realizávamos greves vitoriosas, assembleias e congressos bem participativos e alcançávamos algum objetivo nas lutas em defesa dos professores. Entretanto, experimentou também as mais desgastantes emoções como o medo, a raiva e a tristeza, quando não tínhamos sucesso nas lutas, nas greves dos professores ou quando algum professor sofria punições, por participação nos movimentos, como ocorreu comigo, com a professora Edenice Santana de Jesus, com a sua mãe e quando nos dividíamos. Nestes momentos, Anne respirava, às vezes, até mesmo, o ar contaminado pelas traições, crises de insensatez, ataques de fúrias e inveja, disputas entre os dirigentes sindicais. O que não era fácil para uma garotinha.
Muitos pensavam que Anne, depois de tanto penar, com essa mãe, tias, amigas militantes de 24 horas por dia, se revoltaria ou buscaria uma zona de conforto, algo menos exigente, menos estressante. Mas enganaram-se os que não apostaram na sua capacidade de resistir, de aproveitar das pessoas as suas qualidades e virtudes e de saber lidar com os insensatos, com serenidade e inteligência. Ela tem despontado como uma líder sábia, madura, capaz de tolerar os insultos e críticas, sem desabar, se colocando um passo adiante.
Casada com Marcelo Ramos, um ex- futebolista, ex-jogador da seleção brasileira e atual treinador nas categorias de Base do Bahia, Anne não se acomodou. Os dois vestiram a camisa e estão na luta, oferecendo ajuda aos que precisam e servindo de exemplo aos que virão depois deles, quem sabe até os dois filhinhos.
Às vezes, o que falta aos jovens é alguém que sirva de exemplo, de modelo, alguém que lhes estenda a mão, que ofereça informação e mostre possibilidades. Eles estão fazendo tudo isso, ajudando pessoas, orientando-os, inclusive pelos exemplos, para que outros descubram seus talentos e habilidades e possam ingressar no mercado de trabalho.
O fato é que Anne descobriu para o que ela nasceu e, ao oferecer ajuda, no trabalho voluntário que realiza, dá um exemplo de colaboração.
É uma liderança genuína, sem interesses egoísticos. Sabe e faz o que precisa pela família, pela comunidade, pelo país. Uma líder que pensa no próximo, luta para melhorar o mundo, o meio ambiente, cuida do bem da humanidade.
Maria José Rocha Lima é mestre e doutoranda em educação. Foi deputada de 1991 a 1999. Presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Psicanalista e dirigente da ABEPP. Membro da Organização Internacional Clube Soroptimista Internacional Brasilia Sudoeste.