Suspeito de participação em esquema de caixa dois na campanha ao Senado Federal em 2014, o senador José Serra (PSDB-SP) se disse “surpreendido” pela operação desta terça-feira (21/7). A Polícia Federal (PF) realizou buscas em endereços ligados ao político.
Serra considerou a ação “abusiva”. “Esta manhã, com nova e abusiva operação de busca e apreensão em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de 20 dias pela Polícia Federal. A decisão da Justiça Eleitoral é baseada em fatos antigos e em investigação até então desconhecida do senador e de sua defesa”, informou, em nota.
A PF, em conjunto com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), realizou a Operação Paralelo 23, a terceira fase da Operação Lava Jato Eleitoral, e cumpriu 4 mandados de prisão e 15 de busca e apreensão.
José Serra lamentou o que chamou de “espetacularização” do caso. “[O senador] jamais recebeu vantagens indevidas ao longo dos seus 40 anos de vida pública e sempre pautou sua carreira política na lisura e austeridade em relação aos gastos públicos. Importante reforçar que todas as contas de sua campanha, sempre a cargo do partido, foram aprovadas pela Justiça Eleitoral”, frisa o texto.
Serra disse que “mantém sua confiança no Poder Judiciário e espera que esse caso seja esclarecido da melhor forma possível, para evitar que prosperem acusações falsas que atinjam sua honra”.
Entenda o caso
O inquérito policial aponta para um grupo contratado em 2014 com o objetivo de “estruturar e operacionalizar pagamentos de doações eleitorais não contabilizadas”. O dinheiro teria sido pago por uma empresa que comercializa planos de saúde. De acordo com a PF, José Serra teria recebido R$ 5 milhões em doações eleitorais não contabilizadas.
Na primeira fase da operação, em abril deste ano, o MP de São Paulo denunciou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, o empresário Marcelo Odebrecht e o publicitário Duda Mendonça pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e de caixa dois em montante superior a R$ 5 milhões.
De acordo com o MPSP, o inquérito da PF mostrou que, entre 21 de agosto e 30 de outubro de 2014, houve diversos pagamentos realizados em hotéis de São Paulo a representantes de “Kibe” e “Tabule”, codinomes usados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht para identificar Skaf como um dos beneficiários dos financiamentos irregulares de campanha.