Comissão começou a trabalhar na quinta (17) no meio de muito bate-boca. Relator Jovair Arantes é aliado de Cunha, que é inimigo do governo.
Começa a contar nesta sexta-feira (18) o prazo para a presidente Dilma apresentar a defesa na comissão que vai analisar o processo de impeachment. São dez sessões. A comissão já começou a trabalhar na quinta-feira (17) no meio de muito bate-boca. O relator é aliado do presidente da Câmara – que é inimigo do governo.
O governo está entrando em campo já com uma certa desvantagem. O presidente da comissão, deputado Rogério Rosso, é ligado ao governo Dilma. Mas o relator do pedido de impeachment deputado Jovair Arantes é aliado do presidente da Câmara e um dos principais adversários de Dilma, Eduardo Cunha. O deputado Jovair disse que não vai entrar nesse jogo Dilma versus Cunha, e que vai fazer um relatório técnico.
A presidente Dilma Rousseff já pode preparar a defesa que vai apresentar no processo de impeachment. O vice presidente da Câmara foi pessoalmente até o Palácio do Planalto entregar os documentos. A partir de agora, a presidente tem o prazo de dez sessões do plenário da Câmara para se manifestar.
E começou quente. Em plenário, os deputados aprovaram os nomes de representantes de todos os partidos para a comissão especial que vai analisar o pedido de afastamento da presidente. Teve grito e troca de acusações entre governistas e deputados da oposição.
Logo depois, os 65 deputados titulares se reuniram para escolher os cargos estratégicos da comissão. Os nomes já tinham sido definidos em um acordo entre os partidos. O deputado Rogério Rosso, do PSD do Distrito Federal é o presidente. E o relator, o deputado de Goiás, Jovair Arantes, do PTB.
Presidente e relator foram eleitos praticamente pela unanimidade dos deputados na comissão. Tiveram 62 dos 65 votos. Mas isso não significa que o clima não foi de paz e amor, não. Pelo contrário. Logo no começo, teve discussão sobre o acordo que tinha sido feito antes pelos líderes. Em seguida, outro deputado questionou o acordo e subiu o tom.
O presidente da comissão é de um partido ligado ao governo Dilma, mas fez questão de dizer que não se sente apadrinhado.
“Meu patrono é o povo brasileiro, a minha posição em relação a questão do impeachment ela será tomada no devido momento, respeitando o processo legal”, presidente da comissão de impeachment, deputado Rogério Rosso.
Já o relator é um aliado conhecido do presidente da Câmara. Já atuou várias vezes no Conselho de Ética para ajudar Eduardo Cunha, que é adversário da presidente Dilma. Mas disse que não se sente constrangido com essa proximidade.
“Eu não quero entrar na discussão e botar aqui uma espécie de jogo de futebol, Dilma versus Cunha, não estou aqui para isso, eu estou aqui para discutir, relatar”, afirmou o deputado Jovair Arantes, relator da comissão.
Na comissão, o governo tem maioria. Isso está claro. Mas o que importa mesmo é a votação em plenário, lá, para passar, o processo de impeachment tem que ser aprovado por 342 dos 503 deputados. Não é pouca coisa. Mas em uma votação aberta, o que deve pesar mesmo é o tamanho da pressão que vai vir de fora do Congresso.
O presidente da comissão especial, deputado Rogério Rosso, acredita que daqui a um mês, o parecer da comissão deve seguir para votação no plenário da Câmara. Depois disso, é bom lembrar, os senadores vão ter que votar e dar a palavra final sobre o impeachment.
A partir desta sexta (18) está todo mundo acompanhando os trabalhos na comissão de impeachment da Câmara. Mas para contar prazo, a presença mínima de deputados é obrigatória.
Os partidos que apoiam o impeachment combinaram de fazer uma espécie de mutirão. Estabeleceram cotas de presença mínima para cada um. Para que uma sessão conte como prazo é preciso que pelo menos 51 parlamentares registrem presença no plenário.
O deputado Bruno Araújo, do PSDB de Pernambuco, dá como certo que esse número vai ser atingido. Além da sessão desta sexta (18), estão marcadas sessões para segunda (21), terça (22) e quarta-feira (23), mesmo com feriado da Páscoa. E do dia 28 de março até o dia 04 de abril quando termina o prazo para que a presidente Dilma Rousseff apresente a defesa.