Enviados especiais a Macapá (AP) – Seis dias depois que uma explosão comprometeu os três transformadores de uma subestação da Zona Norte do estado do Amapá, moradores de bairros carentes relatam como foram atingidos pelas dificuldades impostas pelo apagão – e como seguem sofrendo.
Com a falta de eletricidade, houve problemas no fornecimento de água potável e falhas nas telecomunicações em 13 dos 16 municípios do estado. Macapaba, região da periferia da Zona Sul de Macapá, está acostumada com o descaso, que, segundo populares, é rotineiro.
“Água geralmente falta todo dia – mesmo antes do apagão”, diz uma moradora. Um comerciante acrescenta: “Energia também sempre é muito instável. Oscila bastante”.
Na região, os moradores aproveitam a luz do dia para fazer absolutamente tudo. De noite, as ruas ficam desertas. “Escureceu, todo mundo entra para casa e fica lá. Não tem o que fazer na rua”, conta o amapaense Felipe Barbosa, 21 anos.
Com a falta de eletricidade, houve problemas no fornecimento de água potável e falhas nas telecomunicações em 13 dos 16 municípios do estado. Macapaba, região da periferia da Zona Sul de Macapá, está acostumada com o descaso, que, segundo populares, é rotineiro.
“Água geralmente falta todo dia – mesmo antes do apagão”, diz uma moradora. Um comerciante acrescenta: “Energia também sempre é muito instável. Oscila bastante”.
Na região, os moradores aproveitam a luz do dia para fazer absolutamente tudo. De noite, as ruas ficam desertas. “Escureceu, todo mundo entra para casa e fica lá. Não tem o que fazer na rua”, conta o amapaense Felipe Barbosa, 21 anos.
A mãe diz também que os moradores da região se organizaram para alugar um caminhão-pipa, mas a água é “muito suja” e serve apenas para lavar a louça e os adultos tomarem banho. Não dá para beber ou banhar o filho.
“Para lavar o meu filho, eu compro água mineral. Ele só bebe água e toma banho com a água limpinha. Não pude comprar muito porque o preço subiu também. Separo só para ele” diz.
“É um transtorno enorme para a população, né? O estrago da comida, o transtorno do banheiro que está fedido. Está tudo sujo. Não tem como a gente puxar descarga”, prossegue Lorena.
O pão de cada dia
O casal de comerciantes Francisco da Costa, 49 (foto em destaque), e Jokebede Medeira, 25, é dono de um quiosque simples no bairro de Macapaba. Com dois filhos pequenos, eles explicam que boa parte da mercadoria foi para o lixo e, por isso, precisaram se reinventar.
“Muita coisa jogamos no lixo. Frango, linguiça, calabresa, mortadela. Vendemos algumas coisas mais baratas ou demos para quem estava precisando. Melhor que jogar fora”, diz a mulher.
Ela conta que, com as comidas estragadas e sem poder vender, começaram a fazer pão de forno. O quiosque é a única fonte de renda da família.
“Por conta do apagão, começamos a trabalhar com pão. É a única coisa que dá para fazer, não estraga com tanta facilidade e as pessoas compram. É literalmente o pão de cada dia da população. E o nosso ganha-pão também”, completa.
Início do apagão
Na noite de terça-feira (3/11), enquanto ocorria uma forte tempestade em Macapá, uma explosão seguida de incêndio atingiu os três únicos geradores de energia de uma subestação da Zona Norte. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, as causas do incêndio ainda são desconhecidas. Uma investigação foi aberta para apurar a responsabilidade.
O fogo danificou um transformador e atingiu os outros dois — um deles já estava inoperante por causa de uma manutenção realizada desde dezembro de 2019.
O apagão chega ao sexto dia neste domingo (8/11), com os municípios amapaenses tendo energia de seis em seis horas. A queda de energia afetou também o sistema hidráulico do estado. Houve falta de água encanada, água mineral e gelo.
De acordo com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que está no Amapá desde sábado (7/11) para monitorar de perto a situação, até o fim da próxima semana a energia do Amapá deve ser restabelecida 100%.
“Geradores termoelétricos chegarão nos próximos dias a Macapá para reforçar a segurança energética do estado, e também estamos fazendo obras de manutenção na Coaracy Nunes, para que possa aumentar a carga do estado. Como eu disse, nós vamos restabelecer a energia do Amapá gradualmente. Chegamos já próximo a 70%, vamos chegar a 80%, e, na próxima semana, a 100%”, disse.
Enquanto o governo promete restabelecer 100% da carga de energia elétrica do Estado do Amapá até o fim desta semana, a Justiça Federal no Estado determinou na noite desse sábado (7/11) que a solução completa para a falta de energia ocorra em até três dias a partir da intimação, sob pena de multa de R$ 15 milhões para a Isolux – companhia responsável pela subestação atingida por um incêndio ainda na terça-feira (3/11).