Uma testemunha disse à Reuters que há vários mortos em Asadabad, depois que talibãs atiraram em pessoas que agitavam bandeiras do Afeganistão e os tiros causarem um tumulto no local.
Afegãos protestam em cidades do Afeganistão nesta quinta-feira (19), no Dia da Independência do país, nos primeiros sinais de resistência popular à tomada do poder pelo Talibã.
Há manifestações na capital Cabul, segundo o jornal “The New York Times”, nas cidades de Jalalabad e Asadabad e no distrito da província de Paktia, segundo a agência de notícias Reuters.
Há relatos de mortes em Asadabad e tiros em Cabul, onde a manifestação foi dispersada com violência pelo Talibã (veja mais abaixo).
Afegãos comemoram em 19 de agosto a sua independência do Reino Unido, que ocupou o país até 1919.
Uma testemunha disse à Reuters que há vários mortos em Asadabad, depois que talibãs atiraram em pessoas que agitavam bandeiras do Afeganistão e os tiros causarem um tumulto.
Não há confirmação oficial do número de mortes e o Talibã não se pronunciou até o momento. Também não está claro se as pessoas foram mortas a tiros ou na confusão causada pelos disparos.
Três pessoas morreram e 12 ficaram feridas em um protesto semelhante na quarta-feira (18), em Jalalabad, após talibãs atirarem contra pessoas e agredirem manifestantes.
A manifestação começou porque o Talibã tirou a bandeira do Afeganistão de um monumento no centro da cidade e colocou a sua própria. As pessoas tiraram a do Talibã e colocaram a afegã de volta.
Os protestos são os primeiros sinais de oposição da população ao Talibã, desde que o grupo extremista avançou pelo país e tomou o poder em menos de duas semanas, com a captura da capital Cabul no domingo (15).
Repressão a protestos
O “New York Times” diz que manifestantes saíram às ruas para protestar contra o Talibã pelo segundo dia na capital, inclusive perto do palácio presidencial, e foram dispersados com violência.
“Nossa bandeira, nossa identidade”, gritava em Cabul uma multidão de homens e algumas mulheres que agitavam bandeiras afegãs em Cabul, segundo vídeo publicado nas redes sociais.
A repressão à manifestações levanta novas dúvidas sobre as garantias do Talibã de que o grupo extremista mudou desde o seu governo entre 1996 e 2001, quando impuseram graves restrições às mulheres, fizeram execuções públicas e explodiram estátuas budistas históricas.
“Várias pessoas foram mortas e feridas na debandada e disparos do Talibã”, afirmou Mohammed Salim sobre a manifestação em Asadabad, capital da província de Kunar, à Reuters.
“Centenas de pessoas saíram às ruas”, disse Salim à agência. “No início fiquei com medo e não queria ir, mas quando vi um dos meus vizinhos participar, tirei a bandeira que tenho em casa”.
Vice-presidente apoia atos
O primeiro vice-presidente do Afeganistão, Amrullah Saleh, que está tentando reunir a oposição ao Talibã, expressou apoio aos protestos.
“Saúdem aqueles que carregam a bandeira nacional e, portanto, representam a dignidade da nação”, escreveu o político em uma rede social.
Saleh afirmou na terça-feira que estava no Afeganistão e é o “legítimo presidente interino” depois que o presidente Ashraf Ghani fugiu do país.