Arnaldo Niskier
Da Academia Brasileira de Letras e Doutor
Honoris Causa da Universidade Santa Úrsula
A responsabilidade do advogado e escritor José Roberto Castro Neves é muito grande: além de representar suas atividades profissionais ele deve substituir na Academia Brasileira de Letras uma figura emblemática da instituição, o imortal Marcos Vinícius Vilaça, que foi presidente (e um bom presidente) da ABL.
Em seu discurso de posse, Castro Neves defendeu a cultura, com a valorização da leitura e garantir o acesso de todos à educação. Na prática, deseja que isto seja um compromisso de todos e não de um pequeno grupo. No seu apreciado discurso, afirmou ser esta a sua missão. Ele é sócio do escritório Ferro, Castro Neves, Daltro & Gomide Advogados. É doutor em Direito Civil e bacharel pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), além de mestre em Direito pela Universidade de Cambridge.
Em sua fala, alertou para os baixos índices de leitura no país e citou os dados da última edição da pesquisa de Retratos da leitura no Brasil, segundo a qual 73% passaram a vida sem ler um único livro. Criticou o empobrecimento do debate público à falta de cultura e de acesso à literatura. São suas palavras: “Sem cultura, perdemos a identidade, ficamos sem referências. Para que possamos compreender e ser compreendidos, devemos compartilhar valores”.
Ele não é apenas teórico. Montou na prática a maior biblioteca de William Shakespeare do país, no bairro do Jardim Botânico, que ele colocou à disposição dos interessados para a realização de trabalhos de pesquisa.
Castro Neves vai ocupar a cadeira nº 26, que já foi ocupada por Paulo Barreto (João do Rio), Constâncio Alves, Ribeiro Couto, Gilberto Amado e Mauro Mota, antes de Marcos Vilaça.
Ele pretende servir à ABL no domínio de projetos culturais, onde se desenha grandes possibilidades de financiamento com recursos federais.
