Maria José Rocha Lima*
Este título é o refrão da música Brilho de beleza, do Grupo afro Muzenza, que me veio à mente ao me despedir da minha irmã Sueli Rocha Lima Canato, que retornou a Portugal, sua segunda pátria.
A visita de Sueli é sempre capaz de inspirar novas relações entre as pessoas. Ela é a pessoa talhada para o cuidado com o outro, uma característica “matricial” do ser humano, que nunca deveria ser esquecida ou negligenciada.
Lembrei-me que ela, bem pequenininha, chorou muito, quando a sua bonequinha perdeu o dente. Nunca me esqueci da cena. Ela chorava e repetia: :Sissi engoliu o dente, Sissi engoliu o dente…”.
Nsses dias que ela passou no Brasil, dividiu o tempo entre Brasília e Salvador, para promover cuidados aos seus amigos e parentes, um exemplo de rara humanidade. O cuidado com o outro, que a caracteriza, é como se fosse algo fora de moda na economia globalizada, “que só não globalizou a solidariedade e a cooperação”.
Nem a crise sanitária e civilizatória conseguiu apartar Sueli dos outros, dos seus entes. Ela realiza cuidados, inspiradores de um novo jeito de realização da amizade e do amor entre os seres humanos. Em plena pandemia, época de cada um por si e Deus por nós todos, minha irmã lutou para vir ao Brasil para cuidar dos seus.
Em Brasília, curtiu e cuidou das suas lindas netinhas Nina e Maia, que são gêmeas, para socorrer a mãe das meninas, que está iniciando uma nova empreitada profissional. Também promoveu a vinda do seu filho mais velho Adriano e da sua primeira neta, Carol Magalhães, jovem estudante de Medicina, para o Natal. Desse modo, reuniu parte da família no natal, na casa de Tatiana Magalhães e Tai.
Na Bahia, nos festejos do Ano Novo, promoveu um lindo encontro da minha mãe Dona Teresinha, de 88 anos, com a sua única irmã, Alzidéa Rocha Portugal, carinhosamente chamada Tia Dea, de 82 anos, que mora no interior da Bahia. Elas não se viam há alguns anos.
E, ainda, não deixou por menos, reunindo quase todos os parentes que ainda residem em Salvador num almoço, especialmente preparado para eles. Fizeram muita falta meu irmão José Antonio Rocha e os sobrinhos Renan e Ricardo Rocha. Na lista dos convidados, a querida Angélica Laudislau Conceição, que cuida da nossa mãe há mais de 20 anos; seu filho Marcelo Magalhães e a sua nora Jai; e a minha primeira irmã Sônia Maria Lima Costa, que fez belas declarações históricas e amorosas à minha mãe Dona Teresinha.
Curtiu e recebeu cuidados da amiga de todas as horas Dalva Leite, da nossa irmã caçula Carmem Lúcia Lima e do nosso cunhado Abrão Félix, e partiu apressada, antecipando o seu retorno a Portugal, preocupada com a solidão do amado esposo Xico Canato.
Sueli tanto me inspirou que busquei melhor saber sobre o cuidar. E deparei-me com a famosa fábula romana, que divulgarei oportunamente.
Viva o Cuidado!
*Maria José Rocha Lima é mestre e doutoranda em educação. É psicanalista e dirigente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira.