
Miguel Lucena
“Se eu cantar, não chore, não, é só poesia…” — parece que Lô deixou esse aviso antes de partir. O menino do “Clube da Esquina”, que sonhava com “um trem azul”, embarcou agora no último, levando o som das Gerais para o infinito. Em cada acorde seu, mora um pedaço de Minas, um eco de juventude, uma janela aberta para o vento da amizade.
“Quem sabe isso quer dizer amor?”, perguntaria ele, dedilhando o violão com o mesmo sorriso tímido. Porque ficou muito: o sol sobre os telhados, o “nuvem cigana”, o “viajante das cordas”. Lô não partiu — apenas seguiu o rastro de sua própria canção, e agora Milton e Beto, aqui na Terra, continuam guardando o trem azul em movimento, cantando: “se eu cantar, não chore, não…”


