Papéis subiam 4% e 6%, respectivamente, no início da tarde desta quinta-feira. Grupo controlador da Gol informou que assinou um memorando de entendimento com a Azul para unir negócios no Brasil. Negociação está em fase inicial.
Por Isabela Bolzani, André Catto, g1 — São Paulo
Aviões da Azul e da Gol — Foto: Ministério da Saúde/Divulgação e Celso Tavares/G1
As ações da Azul e da Gol operavam em forte alta nesta quinta-feira (16), após a notícia de uma possível fusão entre as duas companhias aéreas. As ações da Azul disparavam mais de 4% e as da Gol subiam cerca de 6%.
A Gol está listada na B3, a bolsa de valores brasileira, sob “Outras Condições” devido ao pedido de reestruturação nos EUA. (entenda mais abaixo)
O grupo Abra, controlador da Gol e Avianca, assinou um memorando de entendimento com a Azul para unir negócios no Brasil. Se concretizada, a fusão criaria uma gigante do setor de aviação, com 60% do mercado doméstico e superando os 40% da Latam, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil(Anac).
Em comunicado a investidores, a Gol informou que o acordo representa a fase inicial de um processo de negociação que visa “explorar a viabilidade de uma possível transação”. Se o negócio for adiante, as duas companhias devem manter suas marcas e certificados operacionais de forma independente.
“As melhorias nas ofertas aos clientes e as eficiências geradas por esta operação permitirão que a entidade resultante continue crescendo e desenvolvendo a aviação no Brasil, através de uma malha que serve o maior número de destinos no Brasil, apoiada por uma frota flexível, com foco na excelência do atendimento”, afirmou a Azul em comunicado divulgado a investidores, na véspera.
Conforme o acordo assinado nesta quarta, a união dos negócios entre Gol e Azul está sujeita à “consumação do plano de reorganização no âmbito do procedimento de Chapter 11” e a “outras condições e aprovações para o fechamento a serem negociadas”.
Dificuldades pós-Covid
As duas companhias aéreas têm enfrentado dificuldades financeiras desde a pandemia de Covid-19, tendo sido forçadas a reestruturar dívidas e gerenciar custos.
De um lado, a Azul precisou fechar acordos no ano passado para conseguir eliminar obrigações financeiras e obter mais capital. De outro, a Gol precisou entrar com um pedido de reestruturação nos Estados Unidos, o chamado “Chapter 11”, que se refere ao Capítulo 11 da Lei de Falências norte-americana e é semelhante ao processo de recuperação judicial no Brasil.
“A companhia continua focada em concluir as etapas restantes dos seus procedimentos do Chapter 11 em andamento, com o objetivo de emergir de seu processo de reestruturação como uma companhia independente e capitalizada”, disse a Gol em comunicado.
À época do pedido, a empresa afirmou que o objetivo do processo seria reestruturar suas obrigações financeiras de curto prazo e “fortalecer sua estrutura de capital para ter sustentabilidade no longo prazo”. As dívidas da companhia eram estimadas em R$ 20 bilhões.