Iniciativa tem como objetivo alargar vias para favorecer a circulação de agentes de segurança e saúde, além de caminhões de lixo
Parada em frente aos barracos da Quadra 17 do assentamento de Santa Luzia, na Cidade Estrutural, a aposentada Valdenise Costa Lima, de 61 anos, assistia ao trabalho dos tratores que tiravam o entulho em frente das casas. “Para mim o nome disso é progresso”, resumiu a moradora, que vive no local desde 2005 e sofre com a violência na região, onde o acesso à segurança fica restrito pela dificuldade do trânsito em alguns trechos. “Ninguém quer viver preso em becos.”
A desobstrução das ruas é uma das ações do programa do governo local Pacto pela Vida que visa reduzir os índices de criminalidade em Brasília. Com o objetivo de facilitar a circulação das forças de segurança, desde segunda-feira (22), as vias de Santa Luzia passam por limpeza e aterramento em ação conjunta da Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, da administração da região e da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).
Policiais a pé
Durante a primeira reunião na Estrutural, em 21 de maio, o secretário da Segurança, Arthur Trindade, ouviu da população a reclamação de que viaturas da Polícia Militar, da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros e ambulâncias não conseguiam circular pelas ruas do assentamento por falta de espaço.
Havia muito entulho e invasões, e isso impedia que veículos trafegassem no local. “Esse alargamento é fundamental porque vai permitir que a PM aumente o policiamento ostensivo e facilitar o trabalho de investigação criminal”, explica. “Como as vias são de trânsito difícil, o policiamento tem sido feito a pé.”
Colaboração
O administrador regional Evanildo Macedo informa que cerca de 1,6 mil famílias da região foram avisadas da operação e tiveram que retirar estruturas que extrapolavam a área dos lotes. “A situação da regularização é complicada, mas temos que garantir a qualidade de vida dessas pessoas”, diz.
Outro ponto importante é perceber a colaboração entre população e governo. “Alguns lotes invadiam muito as ruas, e os moradores se mostraram bem receptivos à proposta de recuar um pouco; é uma forma de pensar no bem coletivo”, define Macedo. “Queremos fazer uma rua principal também, mas para isso precisamos do apoio da Agefis”, adianta o administrador. A previsão é que até o fim de julho a operação esteja concluída.
Lixo
Além da questão da segurança, o nivelamento das vias permitirá o melhor escoamento da água e a passagem de outros veículos, como caminhões de lixo: “É um dos maiores problemas daqui: a maioria dos moradores joga o lixo em qualquer lugar, mais por necessidade do que por opção”, conta a costureira Rosânia Lima do Nascimento, de 40 anos. A moradora, que vive no local há cinco anos, diz que nunca tinha visto melhoria no assentamento. “Falta muito ainda, mas é um bom começo.”
O ideal é que a largura da via seja de pelo menos 11 metros para ter espaço suficiente para dois carros. A operação de abertura de pista conta com quatro caminhões, um guindaste, duas pás mecânicas, uma retroescavadeira e ainda seis funcionários da administração regional. A Novacap participa com caminhões que levam terra e duas máquinas niveladoras do chão.
Apreensões
Segundo informações da Secretaria da Segurança e da Paz Social, desde o início dos trabalhos de contato com os moradores, em 17 de junho, a Polícia Militar apreendeu duas armas ilegais e encontrou dois carros roubados no local. O comandante do 4º Batalhão da PM, coronel André Luiz, observa que o acesso permite intensificar as ações.
No último fim de semana, quando o alargamento havia começado, a PM apreendeu uma espingarda calibre 20, um revólver .38 e encontrou dois carros roubados. “O policiamento, feito apenas por policiais a pé, foi reforçado”, disse o coronel. O delegado-chefe da 8ª Delegacia de Polícia, Fernando Grana, completa que a operação facilitará bastante o trabalho de investigação.