Maria José Rocha Lima*
Hoje é aniversário do meu sobrinho Ricardo Oliveira Rocha, filho do meu irmão caçula José Antônio Rocha e de Maria de Fátima Oliveira, minha amada, intuitiva e devotada cunhada. Ricardo é um jovem dedicado, talentoso e estudioso de literatura, mestrando da Universidade Federal da Bahia, que representou o seu núcleo de pesquisa em literatura nas comemorações dos 75 anos da UFBA. E muito do brilhantismo, generosidade, sabedoria de Ricardo ele deve à sua mãe: mulher sábia, devotada, equilibrada e generosa.
Depois de ler Os Evangelhos à Luz da Psicanálise, da francesa Françoise Dolto, melhor entendi o valor da mãe na vida de um filho. E só recentemente descobri que ser mãe não é um fenômeno apenas biológico, mas uma vocação.
Mãe é o que Fátima foi para os seus filhos, Renan e Ricardo. Uma mãe vocacionada, com uma disposição que a orientou no sentido de escolher uma específica e sacrificada forma de vida, em favor da educação e sucesso dos filhos.
Diante do caos ideológico no qual fomos envoltos, passei a refletir fortemente sobre a banalização do que é ser mãe, ser pai, ser casado, não casado, ser consagrado a uma causa religiosa ou leiga.
Ser mãe não pode ser um acidente biológico, mas uma escolha.
Ser mãe é aquele sim dado por Maria ao ser anunciado, pelo anjo, que ela daria luz ao filho de Deus. Principalmente nas sociedades com a maioria de seres imaturos, pouco educados, entre os quais predominam seres regidos, praticamente, pela potência biológica, ser mãe ou ser pai é como um impulso natural, uma força da natureza.
Ser mãe tem que ser vocação! Ser mãe deve ser a expressão de um discernimento sobre aquilo que somos e porque o somos; é querer penetrar no mistério da existência humana. Ser mãe é uma disposição para amar, para se sacrificar, quase infinitamente, em favor do outro, como fez Fátima Oliveira.
Françoise Dolto, na análise sobre As Bodas de Caná, ressalta que, no relato de São João Evangelista, a Virgem Santa Maria é mencionada antes de Cristo.
Antes do filho, a mãe.
A psicanalista entende que foi Maria quem apresentou Jesus Cristo, nas Bodas, encorajando – O a realizar o seu primeiro milagre de transformar água em vinho.
Foi muito inspirador para entender o papel da mãe, da minha mãe e o papel que teve Maria de Fátima Oliveira na vida dos seus filhos e a quem homenageio, celebrando o seu aniversário no dia 04/06, e hoje o aniversário do seu filho Ricardo, aos quais homenageio com o poema de Miguel Lucena:
“A mão da mãe é um molde/ Onde a criança é firmada,/Nela se sente amparada/E sente mesmo que pode./O fogo da vida explode/No primeiro engatinhar/Com a mãe a ensinar/Os passos da eterna andança/ A mão que embala a criança/ Diz e indica o caminhar”.
*Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia e doutora em Psicanálise. Foi deputada por dois mandatos. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Psicanalista e diretora administrativa da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise- ABEPP. Membro da Soroptimist International SI Brasília Sudoeste.