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Maria José Rocha Lima
O maior presente que as maiores autoridades da educação e cultura poderiam dar às Crianças e Adolescentes Brasileiras é o reconhecimento da Hora da Criança como Patrimônio Nacional em Arte Educação
O primeiro Programa Radiofônico da Hora da Criança foi ao ar na Rádio Sociedade da Bahia no dia 25 de julho de 1943. E permaneceu no ar por mais de trinta anos. O seu fundador Adroaldo Ribeiro Costa ,advogado, jornalista, escritor, teatrólogo, que, segundo a ex – integrante da instituição Conceição da Maria Estevam, “fez da sua vida a razão de viver de outras vidas: crianças, adolescentes, jovens e adultos que se beneficiaram das suas obras” .Ela publicou uma obra a partir de trabalho acadêmico intitulada “Toda criança é uma possibilidade”, extraído da vida e obra de Adroaldo Ribeiro Costa, uma representação, um juízo, um mandato expedido pelo genial arte-educador em favor das crianças, adolescentes e jovens baianos e brasileiros, concluiu.
Em 22 de dezembro de 1947, inaugurou o Teatro Infantil Brasileiro, encenando a opereta Narizinho, no Teatro Guarani, com a presença de Monteiro Lobato. Visionário, Adroaldo não apenas foi o primeiro a adaptar um texto de Lobato para o teatro, como também foi pioneiro no Brasil em montar o espetáculo (que envolvia teatro, música e dança), tendo apenas crianças no elenco. Após essa opereta, encenada com sucesso estrondoso, inúmeras outras foram escritas e apresentadas ao público, ressaltando-se a qualidade do processo pedagógico desenvolvido durante a montagem dos espetáculos.
A obra de Adroaldo Ribeiro Costa teve o reconhecimento desses gênios da cultura brasileira, como Monteiro Lobato, que foi à Bahia para assistir à apresentação de Narizinho e, encantado, escreveu a sua última obra infantil, uma opereta para a Hora da Criança, e no autógrafo escreveu: “Adroaldo, você tem aqui um olho d’água do qual pode sair um Amazonas”…
Assistiram à apresentação, com Monteiro, o educador Anísio Teixeira, Secretário de Educação e o então Governador da Bahia, Otávio Mangabeira. Anísio declarou: “O progresso conseguido desde o primeiro Narizinho é imenso, isto é arte e da melhor”. E o Governador Mangabeira afirmou: “Estou mais orgulhoso disto do que ser governador da Bahia”. E tal como o governador, digo eu, o que mais me orgulhou como deputada baiana foi ter articulado na Assembleia Legislativa da Bahia a construção da sede da Hora da Criança.
Para a sucessora de Adroaldo Ribeiro Costa e presidente da Hora da Criança, a professora Josélia Almeida (Joca): “Não tem sido fácil remar contra uma maré forte, enfrentar os dissabores que toda ONG vivencia para a realização das suas ações e ter discernimento para enfrentá-las com ética, respeito e competência. Nosso respeito principal às crianças e adolescentes, sendo elas os motivos essenciais para este enfrentamento das dificuldades, pois, por maiores que sejam, basta um sorriso sincero, um abraço fraterno e um muito obrigado, que nossos ânimos se tornam frescor para revisitarmos os nossos sonhos e juntos os realizarmos”.
O superintendente da Hora da Criança, Mateus Russo (ex- integrante), insiste: “Na Hora da Criança não existe seleção de talentos. Todas as crianças e jovens são aceitas porque vê- se em cada um a possibilidade de desenvolvimento de um potencial artístico que se concretiza no seu enriquecimento interior, contribuindo para a formação integral da criança e para formação da cidadania”.
Passaram por lá famosos como as cantoras do Quarteto em Cy; Gilberto Gil, artistas plásticos como Ângelo Roberto, reconhecidas personalidades em várias áreas do conhecimento, e atualmente temos vários egressos da Hora da Criança compondo a Orquestra Juvenil Neogibá, que excursiona pela Europa. O genial cineasta baiano e brasileiro Glauber Rocha escreveu a célebre “Carta ao Homem da Hora da Criança”, que também a eterniza.
Nesses 80 anos de atuação, o maior presente que as autoridades da educaçã e da cultura poderiam dar às Crianças e Adolescentes Brasileiras é dar assento à Hora da Criança no Conselho Nacional da Criança e do Adolescente.
É dar à Hora da Criança o justo reconhecimento pelo trabalho, para que seja definitivamente uma Referência Nacional em Arte e Educação – Um Patrimônio Nacional!