Pois é.
O Brasil está em uma tremenda enrascada , diante das próximas eleições, em outubro próximo, com essa bipolaridade forçada , criada por ambas as facções políticas que pretendem o poder , com apoio das vastas mídias tradicionais e em redes sociais.
Os méritos das duas causas rivais , se existirem, não são absolutos.
Somente, penso, os mais simplórios da destra ou da sinistra, políticas, e outros desinformados, podem imaginar que qualquer das duas tenha o monopólio da verdade.
A todo momento, a sociedade é bombardeada via pletora de meios tecnológicos com narrativas, na maioria das vezes sem lógica, falsas, absurdas mesmo, até ridículas.
Versões alteradas de fatos buscando capturar mentes incautas para o que seus “influencers” imaginam ser razões de convencimento.
Pior, são como designam os lados adversários: reacionários, facistas, antidemocráticos etc e tal; ou comunistas, terroristas, também etc e tal.
Não são capazes, com razoabilidade, de entender que ainda só representam , ambos os lados ,algo em torno de 65% daqueles que declaram votar em A ou V.
Chamam de isentões e omissos, os mais ou menos 35 %, que não se manifestaram ainda ou nem pretendam fazer opção alguma, sem considerar que está também é uma forma democrática de posicionamento.
O que se observa, em exemplo de mediocridade explícita, são discursos ,falas, trocando farpas, “fakes” , essencialmente voltadas para seus públicos e militância.
Ambas as facções acrescentam muito pouco ou quase nada nos grandes debates mundiais, na crise que o planeta vivencia e, nos principais problemas nacionais, como corrupção e, justamente, a política.
O Brasil precisa discutir seu sistema político , atualmente um parlamentarismo híbrido ou semi presidencialismo, com forte presença de um judiciário – executivo, se é que assim podemos chamar.
Esse tipo de conflito não é exatamente patrimônio brasileiro.
É produto do poder disperso, difuso , da multipolaridade, uma espécie de jogo de xadrez multidimensional, que foi, em grande monta, gerado pelo acesso fácil a informação (nem sempre de boas fontes e bem compreendida pelos leitores) proporcionada pela imensidão tecnológica.
Um número incomensurável de minorias de gênero, raça, culturas , entendimentos e percepções , emergiu dessa situação e ganhou direitos, voz e nacos de poder.
Ouve – se, muito, de ambos os lados que “vou votar no menos ruim”.
Oras, que sociedade pretendemos ser e que legado deixar as gerações futuras se esta é a premissa – mór para o voto em outubro?
Mesmo considerando que o poder concedido ao Executivo será fortemente impactado pelos dois outros Poderes da República, conforme dito anteriormente.
Nessa conjuntura, cresce de importância, a composição do futuro Congresso, especialmente as Câmaras Federal e estaduais.
Será que não está se abrindo tremenda janela de oportunidade de se promover renovação dos quadros, concedendo poder a pessoas em condições de lidar com percuciencia , sagacidade e descortino com enormes bases de dados , múltiplas e abruptas situações e delas tirar decisões que realmente atendam a dinâmica social do Séc XXI?
Ou, a grande opção será a “mesmice” , os discursos canhestros , obsoletos, sem sentido, uma eterna perpetuação de enrascadas?
O Brasil precisa realizar a riqueza potencial já sobejamente revelada.
Falta competência gerencial, política.
Marco Antonio dos Santos
Analista de Inteligência.
Coronel do Exército