Arnaldo Niskier
da Academia Brasileira de Letras
Assim como aconteceu na literatura, onde teve grandes expressões internacionais, o povo judeu acumula feitos de extraordinário relevo no campo das artes plásticas. É uma espécie de pré-determinação atávica que se cumpre de forma permanente. Veja-se o caso de Lasar Segall, que viveu boa parte da existência no Estado de São Pulo, onde deixou obras inesquecíveis, como as lembranças do “Fiddler on the roof” (violinista no telhado), que ele desenhou com grande inspiração.
No Rio de Janeiro, há registro de pintores admiráveis, como Carlos Scliar, que participou da Força Expedicionária Brasileira, e tinha muito orgulho disso. Outro nome de destaque foi Abrahão Palatinik, criador da arte cinética. No naipe feminino, destacam-se as figuras de Ana Bela Geiger e Faiga Ostrower (escultora de primeira ordem), que realizaram trabalhos memoráveis.
Alguns dos artistas da comunidade israelita foram expostos na Galeria MBlois, em Ipanema(Rio), numa apresentação em que a Casa de arte da educadora Marlene Blois se propõe a “clarear pensamentos, aflorar a sensibilidade, encurtar ou anular distâncias, diluir preconceitos e nos tornar mais iguais, portanto realmente humanos.”
A pintura está bem representada por profissionais como Eva Britz, Izabela London, Lilian Siles, M.Galimidi e Sandra Becker. Cada uma com o seu estilo, demonstrando a força do seu talento.
Devemos reservar um espaço apreciável para os ilustradores judeus, que são igualmente artistas de renome, como Reinaldo Waisman, que trabalhou intensamente para o quadrinista Maurício de Sousa. E fez as ilustrações do nosso livro, intitulado “Ióssele e a pedra mágica”, lançado por Edições Consultor, em 1993. Na abertura dessa obra afirmo que “Ióssele tem uma bonita irmã, de cabelos cacheados (Ruchele), seus pais estão vivos e dos avós ainda restou o sábio Zeide Bérek”. As ilustrações de Reinaldo Waisman deram a esse livro um toque de fina sensibilidade, o que somente ocorre quando se está diante de um verdadeiro artista.