*Maria José Rocha Lima
Em tempo de pandemia… Uma história puxa outra, o advogado baiano Valdson Pinheiro Coutinho, amigo de velhos tempos, me reconectou com as memórias remotas, do início da minha vida profissional, na Secretaria de Educação da Bahia.
Entre os anos 1981 e 1982, fui trabalhar com duas extraordinárias profissionais, professora Denise Coutinho e a administradora Siomara Vitorino. Chefes para as quais eu tiro o meu chapéu, pela competência, pelo equilíbrio, pela generosidade e capacidade de lidarem com as diferenças. Na equipe, elas sempre tinham algumas inocentes comunistas de estimação, rs…
Inicialmente, trabalhei com Denise, que coordenava o Projeto de Redefinição dos Currículos do Magistério; e, depois, trabalhei com Siomara, no Projeto de Escola/Comunidade, que era a menina dos olhos do secretário de Educação, Eraldo Tinôco.
No Projeto de Redefinição dos Currículos de Magistério, eu aprendi sobre formação do professor e as escolas normais, e construíamos um perfil profissional para o professor.
A equipe técnica da SEC/BA era de excelência: Offir Quireza, Verbena Rocha, Hilda, Célia, Ana, Jaci Soares, Amasília Boamorte, Sônia Neder e a professora Josélia dos Santos, Joca, presidente da Hora da Criança, que veio a ser uma amiga, irmã e parceira. Lá, comecei a estudar a obra de Anísio Teixeira, lendo Educação não é Privilégio, que recebi de presente de um técnico muito querido, professor Ediosvaldo, que não está mais entre nós.
Pela Secretaria, eu viajava Bahia afora, levando o projeto de redefinição dos currículos de magistério, e aproveitava, quase sempre, para levar as ideias associativas aos professores.
A minha ida para a Secretaria de Educação, que inicialmente parecia uma medida de punição, estrategia de imobilização, se converteu numa fantástica estrategia de expansão na minha formação e do movimento de professores para o interior da Bahia.
Naquele período, por acaso, me conectei com Caetité, a terra de Anísio Teixeira. Num dos meus primeiros atendimentos técnicos sobre currículos, me equivoquei num cálculo de carga horária para disciplinas do curso de magistério. A professora a quem atendi era do interior da Bahia, da cidade de Caetité, daquelas professoras bem técnicas, bem focadas, que não deu margem nem para eu gravar o seu nome; nenhuma conversa que não fosse a grade curricular da sua escola. Quando identifiquei o erro no cálculo das horas-aulas, corri atrás da professora, mas já não a alcancei. Fiquei desesperada, era como se eu tivesse dado um prejuízo incalculável. Depois de tentar todas as formas de comunicação com a escola dela, que na época eram difíceis, deixei recados e fui à Estação Rodoviária de Salvador e lá me plantei, na plataforma dos ônibus que iam para Caetité, esperando a professora aparecer, até o horário da saída dos ônibus. Ela não apareceu. No dia seguinte, ligaram da cidade, me informando o horário em que a professora viajaria e eu me mandei, mais uma vez, para a Estação Rodoviária de Salvador, até que a avistei. Fizemos as correções ali mesmo, e ela ficou muito agradecida. Quando retornei à Secretaria, técnicos da Regional de Ensino de Caetité já haviam ligado agradecendo e admiraram a atenção e seriedade da equipe SEC/BA. A minha chefe adorou, mas a equipe riu bastante da inédita loucurinha…