Miguel Lucena
Antes da pandemia do coronavírus, eu já me impressionava com a aflição das pessoas nos supermercados, quando saíam tropeçando nas outras e escorregando no chão molhado sempre que o locutor anunciava alguma promoção.
- Ossobuco pela metade do preço! -, e a consumidora dava um giro de 360 graus e corria para não perder a promoção.
No período de festas de fim de ano, nunca me senti à vontade com essa agonia de comprar presentes. E não é por mesquinhagem, porque passo o ano ajudando pessoas, empresto meu ouvido até para as queixas de amigos virtuais e consigo cestas básicas e brinquedos para doação aos mais carentes.
Dá para perceber a ansiedade no rosto das pessoas, a alegria da compra e às vezes os sinais de arrependimento pela quantia gasta, gente que sai se arrastando com várias sacolas e já pensando na fatura do cartão.
O nascimento de Jesus poderia ser mais simples.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia no DF, jornalista e escritor.