* Frutuoso Chaves
Quisera ter, neste dia, palavras de ânimo fortes, incisivas, para todos aqueles que se dedicam, com salários pífios, ao ensino de gerações de brasileiros em todos os recantos deste País imenso, desigual e sofrido. Não as tenho. Mas tenho a convicção de que não devemos perder a esperança, porquanto será passageiro este capítulo amargo da nossa história.
Bons ventos haverão de tanger, brevemente, do penoso cenário político nacional a perseguição às universidades, a rejeição à pesquisa e à ciência, o sucateamento das escolas públicas a partir do ensinamento das primeiras letras.
É o que tenho para este 15 de Outubro: um brado de esperança aqui destinado aos filhos próprios e alheios que subsistem do ofício. Mas a oportunidade também me serve para expressar o reconhecimento aos professores que tive na vida em um tempo em que as melhores escolas compunham a rede pública.
Creiam, meus jovens, o ensino público já foi de muito melhor qualidade, em todas as direções da Rosa dos Ventos, neste Brasil de dimensões continentais. Como assim também o foram outras instituições brasileiras. Houve uma época na qual vocês poderiam acertar o relógio pelo horário do carteiro. A depredação, o sucateamento de que foram vítimas, tanto quanto um ato deliberado, foi um crime de Lesa Pátria.
Vez ou outra, vocês podem ouvir de pessoas mais velhas e desavisadas a expressão “o governo é mau gerente”. Riam delas. A má gerência apenas decorre das más intenções. No presente caso, do propósito indecoroso das privatizações que têm produzido escolas particulares caríssimas.
Observe que a situação inverte, criminosamente, o processo de formação acadêmica: os filhos da pobreza egressos dos ensinos fundamental e médio precários perdem a vaga na universidade pública e gratuita (ainda, a de melhor qualidade) para os mais abastados. E são obrigados a contrair o ônus futuro do financiamento estudantil para ingresso em faculdades privadas e ruins, dessas que existem para fazer sabidas fortunas.
Não percamos, porém, a esperança por melhores dias. Esta não pode nem deve morrer. Assim sendo, Feliz Dia do Professor.
*Jornalista profissional com passagens pelos jornais paraibanos A União (Redator e Chefe de Reportagem), Correio (Redator e Editor de Economia), Jornal da Paraíba (Editorialista), O Norte (Editor Geral). O Globo do Rio de Janeiro e Jornal do Commercio do Recife (Correspondente na Paraíba em ambos os casos). Também, pelas Revistas A Carta (editada em João Pessoa) e Algomais (no Recife)..