Descargas elétricas somam cerca de 35 mil por ano no Distrito Federal. Saiba os cuidados necessários para evitar riscos e acidentes
Com a chegada das chuvas e tempestades, aumentam os riscos de raios no Distrito Federal. A arquitetura e o urbanismo da capital, com muitas áreas verdes e descampadas, contribuem para a alta incidência de descargas elétricas. De acordo com o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a ocorrência desses fenômenos deve aumentar na primavera por causa do La Niña.
“O La Niña faz com que as águas fiquem mais frias e a evaporação diminui, com isso modifica a circulação atmosférica do mundo inteiro. Essa operação favorece a formação de chuvas intensas em determinadas regiões: de Brasília para cima, diminui; de Brasília para baixo, é o contrário, há um aumento de tempestades. Como o DF está nessa faixa linear, o aumento (na incidência de raios) deve ser de 10%”, explica o coordenador do Elat, Osmar Pinto Junior.
De acordo com o Elat, no Distrito Federal ocorrem em torno de 35 mil raios por ano, a maioria na primavera e no verão. O máximo de raios registrado em um único dia na capital federal foi de 4.038, em 4 de outubro de 2013. O engenheiro elétrico e especialista em raios Mauro Moura Severino ressalta a necessidade em tomar medidas preventivas para evitar acidentes. “O DF é um local com muita incidência, e a principal recomendação, e mais efetiva também, é que as pessoas se abriguem durante uma tempestade. A chuva com trovoadas é um sinal de raios. Pessoas em locais descampados correm mais riscos. Procurem se abrigar embaixo de edificações, qualquer que seja, e jamais ficar ao ar livre e embaixo de árvores”, orienta.
De acordo com o Inpe, a corrente do raio pode causar sérias queimaduras e outros danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, pelo aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas. Cerca de 20% a 30% das vítimas de raios morrem, sendo a maioria delas por parada cardíaca e respiratória, e cerca de 70% dos sobreviventes sofrem por um longo tempo sequelas psicológicas e orgânicas.
Cuidados
O instituto orienta que as pessoas evitem usar telefone durante uma tempestade com raio, a não ser que seja sem fio, não ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas, e não tocar em qualquer equipamento ligado à rede elétrica. Se estiver na rua, evite segurar objetos metálicos longos. É importante evitar também empinar pipas e aeromodelos com fio, e andar a cavalo.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) orienta que, durante a chuva, a população não deve se abrigar embaixo de árvores, estruturas metálicas e redes de distribuição elétricas, não praticar atividades esportivas no geral, em especial na água, e a não entrar em córregos e rios, uma vez que o risco de enxurradas e de trombas d’água são maiores.
Previsão do tempo
A semana começou com bastante nebulosidade e assim deve permanecer até o fim de semana. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê registros de chuva principalmente na parte da tarde. De acordo com o meteorologista Heráclio Alves, os próximos dias serão mais chuvosos. “Tivemos uma virada. Então, o brasiliense pode se preparar para enfrentar bastante água. A nebulosidade que se forma durante o dia, somada às altas temperaturas, causa precipitações na parte da tarde”, alerta.
Para esta quinta-feira (14/10), a previsão é muitas nuvens, com pancadas de chuva e trovoadas isoladas, e a temperatura varia entre 18ºC e 29ºC. A umidade relativa do ar fica entre 95% e 40%. A tendência, de acordo com o Inmet, é continuar chovendo, pois estamos na primavera — estação de transição entre o frio e o calor.
Mudanças
O La Niña é um fenômeno natural que, oposto ao El Niño, consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico. Assim como o El Niño, sua ocorrência gera uma série de mudanças significativas nos padrões de precipitação e temperatura ao redor da Terra. (CB)