Miguel Lucena
Sem entrar no mérito da disputa política interna do PTB, que resultou no processo de expulsão de Cristiane Brasil, Fadi Faraj e Osvaldo Eustáquio, o que me chamou a atenção foi o tipo de reação de alguns envolvidos no episódio.
Osvaldo Eustáquio abriu as baterias contra a vice-presidente e presidente interina nacional do Partido Trabalhista Brasileiro, Graciela Nienov. Até aí tudo normal, não fossem os ataques preconceituosos dele ao apelidar o grupo mais próximo de Nienov, integrantes do PTB Mulher, de “Confraria das Loiras”. Qualquer pessoa sabe o que isso significa.
Outro ponto do discurso de Eustáquio também revela preconceito social, ao tratar a presidente do PTB Mulher do DF, Nayara Soares, como “cabeleireira de Graciela Nienov”. Ela tem essa profissão, que exerce há muito tempo, muito antes de conhecer qualquer pessoa no partido. Ele fez isso para tentar rebaixá-la, diminuí-la, como se fosse incompatível trabalhar em salão e fazer política.
Além de cabeleireira, com salão em Ceilândia, Nayara ocupou funções públicas e coordenou movimentos políticos, sendo a propositora do Projeto Mulheres Empreendedoras.
Na mesma toada seguiu o pastor Fadi Faraj, acostumado a tomar chá nas cercas embandeiradas que separam os quintais. Ao falar sobre o assunto, ele deu a entender que só as madames que sentam nas cadeiras de salão é que têm dignidade e capacidade para assumir funções públicas. O resto tem de se contentar com as migalhas, puxados, como escravos, pelas correntes.