Dissídio coletivo está em análise no TRT-10, sem previsão para julgamento. Metroviários querem manutenção de acordo coletivo; empresa afirma que ‘permanece aberta ao diálogo’.
A greve dos servidores da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) completa quatro meses nesta quinta-feira (19), e segue sem previsão para acabar. A paralisação foi decretada em assembleia virtual na madrugada do dia 19 de abril e, desde então, os passageiros reclamam de atrasos e trens lotados (saiba mais abaixo).
As principais reinvindicações dos metroviários são a retomada do auxílio-alimentação, de R$ 1,2 mil, do plano de saúde dos servidores e “o cumprimento da decisão judicial de 2019”. A última audiência de conciliação entre a empresa e o sindicato dos metroviários foi no dia 17 de maio.
O dissídio coletivo está em análise no Tribunal Regional de Trabalho (TRT-10), mas segundo o órgão, “não há data para julgamento”. Durante a paralisação, 80% da frota circula em horários de pico, e 60% em horários de menor movimento.
O Sindicado dos Metroviários (SindMetrô-DF) afirma que a categoria está, desde abril, “sem vale alimentação, sem plano de saúde, recebendo somente parte dos salários por causa dos cortes que a empresa está realizando, antes mesmo do julgamento da greve”. “A empresa se recusa a manter o direito dos empregados, se recusa a assinar nosso Acordo Coletivo de Trabalho se aproveita da demora da justiça para prejudicar cada vez mais os metroviários”.
Já o Metrô-DF disse que “desde o início da greve, tem feito todos os esforços jurídicos, administrativos e operacionais para minimizar os transtornos à população”. A empresa informou ainda que, na última audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-10), apresentou uma proposta para assinar o Acordo Coletivo de Trabalho 2021-2023 com as cláusulas consensuais e discutir as divergentes – como valor da gratificação por quebra de caixa e 13ª parcela do Auxílio Alimentação – em separado, no âmbito do tribunal. Segundo o Metrô, a proposta foi rejeitada pelo sindicato.
“No momento, o Metrô-DF aguarda o julgamento do dissídio coletivo pelo tribunal e permanece aberto ao diálogo com a categoria”, diz a empresa.
Trens cheios e atrasados
Desde o início da greve, em abril, os passageiros registram vagões cheios no metrô. Em meio à pandemia da Covid-19, a situação coloca em risco as pessoas que precisam usar o transporte público.
Na última segunda-feira (16), passageiros relataram atraso na chegada dos trens. Em Ceilândia, o primeiro trem, que deveria passar às 6h, só chegou às 6h47. Os passageiros também reclamam de longas filas e de muitas catracas quebradas.
De acordo com a babá Marly Leonel, a estação de Samambaia está “um caos” todos os dias, logo cedo.
“Eu pego o metrô todos os dias, de manhã e de tarde, saindo de Samambaia para a estação do Park Shopping, e em Samambaia está sempre um caos. Muita fila nas catracas, e os trens cheios. Por isso, às vezes, prefiro andar até uma outra estação mais perto e tentar pegar uma situação mais tranquila”, diz a passageira.
Em relação à higienização dos trens e estações, a assessoria do Metrô afirma que os vagões “passam por limpeza profunda a cada madrugada e também são limpos a cada chegada nos terminais (ou seja, em média, a cada viagem completa, que dura em torno de 45 minutos) com produtos sanitizantes”.
Redução da frota
Fila de catraca do Metrô-DF cheia, nesta terça-feira (15) — Foto: Marly Leonel
Desde abril, o Metrô-DF circula com a frota reduzida. Em dias úteis, 80% dos trens atendem passageiros em horários de pico, e 60% em horários de menor movimento, além de domingos e feriados, por determinação do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Dias úteis
- Das 6h às 8h45 e das 16h45 às 19h30: 19 trens
- Das 8h45 às 16h45: nove trens
- Das 19h15 às 23h30: cinco trens
Sábados
- Das 6h às 9h45 e das 17h às 19h15: 12 trens
- Das 9h45 às 17h: sete trens
- Das 19h15 às 23h30: cinco trens
Domingos e feriados
- Das 7h às 19h: cinco trens
Greve mais longa
Antes desta paralisação dos metroviários no DF, a greve mais longa da categoria em Brasília tinha durado 77 dias, com fim em julho de 2019, por determinação do TRT-10. À época, o Metrô calculou um prejuízo de R$ 8,8 milhões por conta da suspensão do serviço.
Para os desembargadores que julgaram o processo, parte das reivindicações da categoria já estava sendo atendida naquele período, como o pedido para oficializar a jornada de trabalho dos pilotos em 30 horas semanais. (G1/DF)