Secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, diz que está em análise o uso da Butanvac associado a vacinas de outros fabricantes
São Paulo – O Governo do Estado de São Paulo já organiza plano de vacinação contra a Covid em 2022 e aposta na produção da Butanvac para este novo ciclo de imunização.
Em entrevista ao Metrópoles, o secretário estadual de Saúde do estado, Jean Gorinchteyn, falou sobre o desenvolvimento da vacina pelo Instituto Butantan e mencionou a existência de um estudo relacionado ao uso da Butanvac associado a imunizantes produzidos por outros laboratórios.
“Temos um estudo da Butanvac que começou em 9 de julho, com 5 mil voluntários. Assim que houver a chancela da Anvisa, vamos ter doses disponíveis da Butanvac. Um dos estudos da Butanvac prevê a intercambialidade com as outras vacinas, e a partir desses resultados vamos definir a estratégia de vacinação”, disse.
O secretário ressaltou que até o início do ano que vem “teremos vacinas produzidas integralmente pelo Instituto Butantan sem a necessidade de receber insumos da China, porque o contrato prevê transferência de tecnologia”.
Gorinchteyn afirmou ainda que, nas últimas duas semanas, dobrou o número de pessoas que deixaram de receber a segunda dose da vacina contra a Covid no estado de São Paulo. De cerca de 300 mil pessoas, esse número saltou para 642 mil, de acordo com o secretário estadual de saúde.
Leia a seguir a entrevista na íntegra.
Em que fase está a vacinação no estado?
Mais de 72% da população-alvo foi vacinada com a primeira dose. A partir de 23 de agosto, vamos entrar em nova fase para imunizar adolescentes de 12 a 17 anos. Na primeira semana, a prioridade será das adolescentes grávidas e com comorbidades, o que inclui Síndrome de Down e autismo.
O ritmo de chegada de doses ao estado está mais lento do que o calendário de vacinação?
Não tivemos nenhuma paralisação na distribuição de doses, o que acontece é que em uma ou outra vez recebemos valores menores daqueles estipulados pelo governo federal. A Coronavac tem sido distribuída semanalmente, e agora será feita a entrega de 1 milhão de doses diárias.
Qual o impacto desses atrasos nas entregas?
Acabam impactando as expectativas de distribuição, mas sem prejuízo ao atendimento à população. Nunca tivemos que paralisar a vacinação de uma faixa etária, por exemplo.
Qual a explicação do governo federal sobre esses atrasos?
A justificativa tem de ser dada pelo Ministério da Saúde, juntamente com as fornecedoras das vacinas.
Vamos ter campanha de vacinação contra a Covid-19 todos os anos?
Atualmente, nós estamos em um processo de vacinação ainda em curso. Está bastante avançado e será encerrado em dezembro de 2021, quando toda a população adulta estará vacinada. Estamos discutindo as estratégias para o início de novo ciclo de vacinação em 2022, já que a circulação do vírus ainda estará ativa até lá e precisamos manter a população protegida não só das cepas atuais como das novas modificações.
A decisão de vacinar todo ano está relacionada a essas novas cepas?
Existe a possibilidade de novas cepas estarem presentes, e a concentração de anticorpos precisa estar elevada. Há estudos sendo feitos com a Pfizer e a Astrazeneca em relação a novos ciclos de vacinação. O Instituto Butantan aguarda material da variante P1 vindo da China para fazer novo estudo em Serrana. Essa análise será feita com pessoas que tiveram Covid, que não tiveram e com o grupo que se vacinou. Por meio desse levantamento, vamos entender qual a melhor resposta da utilização desse novo ciclo de vacinação.
O grande número de pessoas que ainda não tomaram a segunda dose influencia nessa decisão?
Isso acontece com várias outras vacinas, esse é o problema de se ter duas doses, o pessoal tem dificuldade em voltar ao posto para completar a imunização. Na vacinação do sarampo para crianças, por exemplo, será sempre preciso estender a campanha para atingir a meta. Estamos cientes de que isso pode acontecer, por isso temos reforçado a campanha pela segunda dose.
Sem a segunda dose a contaminação vai continuar em alta?
É preciso ter anticorpos elevados para manter o vírus inativo na população, e com a proteção parcial temos mais vírus circulando.
Esse é o motivo para esperarmos mais cepas?
Com a circulação de vírus alta, há grande possibilidade de adaptação, e aí passamos a ter problemas. Há duas semanas, o estado tinha 300 mil pessoas que ainda não haviam tomado a segunda dose e, agora, esse número dobrou para 642 mil. Ainda temos uma circulação que precisa ser controlada.
Na campanha de vacinação em 2022, vamos ter menos variedade de vacinas?
Ainda estamos desenhando essa estratégia. Até lá teremos vacinas produzidas integralmente pelo Instituto Butantan sem a necessidade de receber insumos da China, porque o contrato prevê transferência de tecnologia. Temos um estudo da Butanvac que começou em 9 de julho, com 5 mil voluntários. Assim que houver a chancela da Anvisa, vamos ter doses disponíveis da Butanvac. Um dos estudos da Butanvac prevê a intercambialidade com as outras vacinas, e a partir desses resultados vamos definir a estratégia de vacinação.
(Do Metrópoles)