O chefe da pasta da Segurança de GO descreveu o suspeito de 32 anos como um psicopata “sem apreço pela vida dos outros e de si mesmo”.
Hugo Barreto/Metrópoles
Em entrevista coletiva no município de Edilândia (GO), o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda (foto em destaque), disse que o autor da chacina que dizimou uma família no Distrito Federal está cercado. “Estamos com toda a equipe na região. Vamos esperar a madrugada para entrar na mata. É um sujeto de altíssima periculosidade”.
O chefe da pasta descreveu Lázaro Barbosa, 32 anos, como um psicopata “sem apreço pela vida dos outros e de si mesmo”. Sete dias após matar um casal e os dois filhos no Incra 9, em Ceilândia, Lázaro continua deixando um rastro de terror por onde passa.
Na tarde desta terça-feira (15/6), antes de balear um policial rosto numa troca de tiros, ele fez três reféns. Durante a fuga, o maníaco passou por uma chácara e escondeu os reféns sob folhas para que não fossem vistos nas buscas aéreas da polícia. As vítimas eram pai, mãe e filha, de 48, 40 e 15 anos, respectivamente, que foram libertados sem ferimentos.
O secretário explicou os momentos de pânico vividos pela família. “Ele usou o mesmo modus operandi: levou a família para a beira do rio e ia tirar suas roupas quando a polícia chegou. Lázaro os avistou, pulou o barranco e continuou atirando”.
Dois tiros de raspão atingiram o rosto de um policial militar de Goiás, que não corre risco de vida.
Ritual satânico
Rodney Miranda acredita que a família teria sido morta em um ritual satânico se não fosse a intervenção policial. “Ele foi cercado. Cercamos toda a região e rodovias de acesso e colocamos policiais à paisana dentro da chácara. Só vamos sair daqui com ele capturado”, afirmou.
Caseiro
Mais cedo, o chacareiro Rosinaldo Pereira de Moraes, 55 anos, que trabalha na fazenda onde Lázaro foi flagrado por câmeras de segurança, contou que chegou à propriedade por volta das 6h e se deparou com o suspeito.
“Ele estava com uma jaqueta, bermuda, uma blusa e uma botina. Estava com uma mochila nas costas, mas não vi qualquer machucado. Não havia nada aparente. Ele dormiu na cama que eu descanso e não ficou marca de sangue. Só suja de terra. Se estava armado, a arma estava dentro da mochila”, disse o chacareiro.
Desde a noite de segunda (14), após Lázaro trocar tiros com um caseiro em Edilândia (GO), havia a suspeita de que o homicida poderia estar ferido.
Rosinaldo também confirmou que Lázaro disse estar com fome e pediu um prato de comida. “Pedi para ele aguardar eu prender os bezerros e trazer as vacas que iria arrumar um prato de comida para ele. Cheguei a falar que comida não se negava a ninguém. A minha intenção era dar a comida para despistar e segurar ele. Mas ele não esperou. Eu o vi saindo pela mata. É muito esperto”, acrescentou.
Nesta tarde, a polícia faz um cerco ao suspeito próximo a um milharal na área de Edilândia, Entorno do DF. Lázaro tem sido visto com frequência na cidade e na área vizinha de Cocalzinho, também em Goiás.
Também na manhã desta terça, um caminhoneiro de frete da região de Edilândia (GO) relatou ter visto um homem atravessar a BR-070 e adentrar uma área de mata. Os policiais da base de operação montada na região e helicópteros das corporações seguiram para o possível local.
Chacina
Lázaro é suspeito de matar Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Ele ainda sequestrou Cleonice Marques de Andrade, 43 anos, esposa de Cláudio e mãe das outras vítimas. O crime ocorreu na madrugada do dia 8/6, no Incra 9, em Ceilândia.
O corpo dela foi encontrado nesse sábado, em um matagal. O cadáver estava sem roupa e com um corte nas nádegas, em uma zona de mata perto da BR-070.
Torturada, mutilada e possivelmente estuprada. A morte de Cleonice reflete a crueldade de Lázaro. O criminoso, autor da chacina que ainda tirou a vida do marido e dos dois filhos da mulher, permanece foragido há seis dias. Caçado por uma coalização de forças policiais, o maníaco arrancou uma das orelhas e executou Cleonice com um tiro na nuca.
Família Vidal:
Desde que matou a família Vidal, Lázaro vem entrando e saindo de propriedades, fazendo novas vítimas. Ainda no Incra 9, em Ceilândia, ele invadiu outros dois locais. Obrigou os chacareiros a cozinharem para ele e a, até, fumarem maconha com ele. Sempre agressivo, chegou a roubar um carro e incendiá-lo, próximo a Cocalzinho.
No sábado (12), ele invadiu a fazenda da família de um soldado do 8⁰ BPM, próximo à Lagoa Samuel. Ele fez o caseiro refém, quebrou tudo, bebeu e fumou maconha. Também obrigou o funcionário a consumir a droga.
Segundo a corporação, o soldado chegou à propriedade no início da noite, foi até a cancela e, provavelmente, ao abri-la, o homem fugiu, levando o caseiro como refém.
O criminoso seguiu para a fazenda ao lado, a cerca de 700 m, e baleou três homens. Havia no local uma mulher e uma criança. Testemunhas informaram que o suspeito da chacina colocaria fogo na casa e não o fez por causa das vítimas.
Troca de tiros
Na noite de segunda (14), ele trocou tiros com um caseiro na área de Cocalzinho (GO). “Acho que acertei [o Lázaro], porque ele gemeu, [disse]. ‘Desgraçado, você me atirou, eu vou te matar’, ele falou”, narrou o caseiro.
O funcionário da propriedade rural teria atirado pelo menos oito vezes contra o suspeito, que conseguiu fugir. Apesar do testemunho do trabalhador, não há confirmação oficial se realmente ele saiu ferido do embate. (Metrópoles)