Pelo menos 300 voos comerciais semanais foram cancelados entre a Índia e os Emirados, um dos corredores aéreos mais movimentados do mundo
Indianos ricos que vivem em Dubai, mas que ficaram presos em sua terra natal em meio a uma nova onda de covid-19 que obrigou várias nações a barrar voos comerciais vindos da Índia, estão recorrendo a jatinhos particulares para tentar retornar ao emirado do Golfo.
Com medo de que a suspensão da entrada de indianos em aviões de carreira seja prorrogada pelo governo dos Emirados Árabes Unidos, do qual Dubai faz parte, indianos tentam se aproveitar da permissão ainda não revogada para a entrada de aeronaves particulares.
Pelo menos 300 voos comerciais semanais foram cancelados entre a Índia e os Emirados, um dos corredores aéreos mais movimentados do mundo. Cerca de 3,5 milhões de indianos vivem e trabalham lá. A repentina suspensão dos voos, em vigor desde domingo, surpreendeu milhares de pessoas que estavam em férias, a trabalho ou por emergências médicas na Índia.
Purushothaman Nair, um indiano que vive em Dubai há anos, mas está sem pode sair do Estado de Kerala (sul da Índia), disse que está disposto a “gastar uma fortuna” para voltar aos Emirados. “Minha esposa e eu viemos para a Índia apenas por dez dias. Temos que pegar o avião a todo custo para voltar a Dubai”, disse. “Há muita gente disposta a pagar”, afirmou.
Segundo ele, indianos com interesses comerciais e responsabilidades nos Emirados Árabes Unidos não podem “se dar ao luxo de ficar mais tempo no exterior”.
T.Patel, empresário em Dubai, tem tentado tirar sua cunhada e os três filhos de Bangalore (sul da Índia). “Estou avaliando alugar um jato particular. É muito dinheiro, mas se não tiver outra maneira de trazê-los, eu o farei.”
Em março de 2020, ele gastou mais de € 8 mil (cerca de R$ 51 mil) para trazer seus pais e uma sobrinha para Dubai. O valor equivale a 20 vezes o preço que o empresário pagaria em passagens em voos comuns. Hoje, um avião de 13 lugares de Bombaim a Dubai tem custado até € 31 mil (R$ 201 mil), 35 vezes mais do que em épocas normais.
“Esses voos devem obter a aprovação da Autoridade Geral de Aviação Civil e do Ministério das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos”, disse à AFP Tapish Khivensra, diretor-geral da Enthrall Aviation Private Jet Charter.
Cidadãos dos Emirados, diplomatas, delegações oficiais e “aviões de empresários” estão isentos da proibição, desde que sigam uma quarentena de dez dias, explicou.
AFP/JBr